quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Seu corpo é um campo de batalha"_ Barbara Kruger


......Conversando com alguns de meus alunos antes de uma aula pergunto para eles: “o que é política?” e eles prontamente me respondem: “roubalheira!”. A resposta mais elaborada não passou de: “uma maneira de organizar os direitos e deveres de uma sociedade, a aplicação de recursos... que no fundo desemboca em roubalheira”. E sempre aparece um e pergunta: “e para você professor? O que é?” e eu penso...penso...penso... e respondo: “acho que é o que estamos fazendo aqui...”. E alguém diz: “ah...” sem entender nada e se manda.

......Em primeiro lugar, o que acho engraçado é que “nesta altura do campeonato”, perto ou já disputando “as semifinais” os alunos esperam respostas dos professores. Como sei que é o que foram “adestrados fazer”- na maioria dos casos-, nunca respondo. Apenas problematizo o que me perguntam, poucas vezes esperando que continuem com uma questão lhes irritando o cérebro. Qualquer “ranhento” é capaz de ler meia dúzia de livros e sair por aí vomitando receitas de “bolos ideais”. Para o filósofo Heidegger, pensar é agradecer! Quanto a mim, pensar é testemunhar a entrada em vias de fato da existência. René Descartes (vocalista da banda “modernidade cartesiana”, hahahaha) acreditava que pensar era a prova da existência, os psicanalistas discutiram os pormenores dessa frase e chegaram a constatar que onde se pensa não se testemunha a existência (pois não existe o puro pensar... se pensa sobre algo) – banana para eles! Eu sei que agora algum sociólogo ou historiador diria: mas que sujeitinho filho da mãe esse r.A., é capaz de fazer um reboliço desses por uma coisa tão simples... Retruco: Pois é “mermão”, prefiro isso à velha vomitada de leitor erudito! O que me leva a crer que a maioria dos fieis da “igreja universal das ciências humanas e suas tecnologias”, munidos de suas bíblias embaixo do sovaco me tem por herege de suas doutrinas! E é verdade! Podescrer! A prova disso é que quando escrevo um texto lá vem a inquisição pedindo que eu penetre o seu furo (de bola). Mas quanto a isso, já é previsível!

......Em segundo lugar, se é para avaliar um distinto contexto que se configura em político (ou bio-político, que prefiro discutir...), o contexto atual, para mim, já começa com uma brincadeira de mal gosto. Democracia é uma brincadeira de mau gosto, uma piadinha mal contada. Não existe poder do povo na maneira como as forças sociais atualmente estão (des) organizadas – diria que raras vezes há. Há um jogo de forças para decidir onde não temos o necessário para “incidir” e para “criar compromissos”. Isso pensando em uma estrutura macrossocial. O que temos em mãos é capacidades de incidir em espaços micros sociais. Por isso é preciso saber bem de onde se fala! É fácil ter uma noção dos poderes em jogo em uma “polis” pequena, mas estou falando precisamente de São Paulo (do estado, não do santo e nem do time). E francamente, não existe esse “Jesus” de mãos dadas que liga esses espaços onde muitos teóricos juram haver. Explico: Perdemos de vista a relação macrossocial para o micro social. E o “Jesus” está na perspectiva de causa e efeito. Dizer que o Kaos (essa vai para o Peter L.W.) permite que um acontecimento de um lado do mundo interfira em outro (no campo micro social) é tudo, menos Kaos (é mais uma relação causa-efeito, mas não kaos). O Kaos nunca morreu, e as camisetas do Chê continuam em promoção no shopping Tatuapé – aproveite! Mas espera só.

...... As decisões no senado são tomadas ou nos corredores ou na hora do cafezinho. De resto, o ritual todo é só celebração! Mas você pode se manifestar, mas não se esqueça que a visibilidade é uma armadilha no Panóptico de Bentham. É isso ou me enforcarão na janela do quarto e dirão que foi suicídio. “Paus e pedras podem esmagar os meus ossos, mas palavras...” amém.



r.A.- Filósofo





ps. Para o grande amigo Vilson Cabral, com tristeza e saudade, sobretudo Amor e carinho. Descanse amigo...

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