segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Apercepção Noturna - Parte I




......A aranha da escuridão teceu no canto do meu quarto a teia do silêncio. E eu, cá entre nós, desenhei meu sorriso perfeito na parede. Um dia aprendi a entregar o queijo e a faca para os imbecis, dar as costas e voar para longe... Volta e meia retorno para entender que tomei a decisão certa! A sensibilidade faz vítimas, mas eu não fui vítima de minha sensibilidade. Olhei fundo no olho do buraco negro e soube que minha simples existência salva minha singularidade!
......Ontem, na madrugada, meu cigarro queimou meus papéis de anotação. E a reflexão posterior – durante o longo trago de wiski -, vinda de um canto remoto do inferno ou da fome insaciável dos mendigos sorridentes, revelou-me que nunca mais estarei em sincronia com este mundo (consecutivamente com esta gente toda). O que nos une é a tristeza, mas o que nos separa é a alegria e nos próximos dias -assim como nos dias anteriores-, estarei feliz.

r.A.