domingo, 31 de julho de 2011

A gente sai sendo outro e volta sendo nós

.....É o desgastante fato de fingir 80 risadas e 1.000 sorrisos em uma noite vazia. Também é sabido que sozinho a gente quebra como uma bolacha Maria na mão de um bebezinho! Ha algo que nos salva quando estamos em um bar de rock com uns chatos fazendo covers: a conversa não chega aos nossos ouvidos! O som atravessa outro som e tudo se distorce. Aí você sorri, gastando aquele seu estoque de 1.000 e fica tudo bem, pois, a cerveja, a dose de vodka e um cálice de vinho estão ao alcance da mão. Também há o olhar de alguma mulher que te espreita, vindo como um raio, de outra mesa. Mas você sabe que mulheres não curam feridas profundas e que é sempre tarde demais para pessoas como eu. Às mulheres chegam atrasadas na minha vida! (Sim amigo Bukowski, sua escrita está falando dentro da minha agora). É claro que o olhar de uma mulher para mim é mais precioso que todos os pensamentos mais grandiosos da humanidade... Mas toda relação é uma prisão sem paredes que fazem àquilo que é mais miserável no ser humano se debater feito peixe asfixiando fora d’água. Em nome de momentos de prazer (por vezes até viciado), investimos em uma vida de correntes e cadeados!

..... A gente também pode se levantar e sacudir-se como um grande idiota! Os Ramones nos ensinaram essa lição, chamavam de “Dança Cretina”. É um retorno ao primitivo! E se você derrubar um playboy de topetinho e camisa de marca – em um chão grudento de trago e escarros-, você não gasta uma das 80 risadas, você ganha mais 80 para gastar! E se ele derrubar mais um então aprendo a felicidade e o sentido do jogo de boliche!

.....Mas o dia é implacável! Surgirá! Nem é o caso de ser outro, mas o tempo para os “normais” escorre como mijo na privada. E depois de você esquivar por algumas horas de sua consciência, ela volta esfolada e assoviando um blues. A gente sai sendo outro e volta sendo nós... e se você um dia deu ouvidos para a arte ou a filosofia, espero que com o tic-taquear do relógio lance fora os motivos, os sentidos, as verdades. Haverá o risco de restar apenas um corpo fazendo mágicos esforços para se manter firme com uma ideia sobre si. Ah, defenda a criança dos lobos meu amigo! Eles saltaram de cantos que você pensava estarem vazios! O toureiro não ganha todas – embora seja bem treinado. E tempo não é tempo, e estrada não é estrada!

.....Pela manhã, olhei para as réstias do sol invadindo minha janela. Havia guardado uma última risada no bolso da calça. Devo ter perdido ela em algum lugar. Ou ela se foi... ainda consegui fechar a cortina e chutar toda esperança para fora da cama. Acho que apaguei.

r.A.

sábado, 30 de julho de 2011

Mas afinal, o que você veio fazer aqui?


.....Como Rimbaud, não me pergunto mais por onde começar. Acredito que retomamos o caminho! E fora todo o exercício de pensar e sentir estar sempre embutido de retóricas, pois, aprendemos a conjugar os verbos por anos à fio até que nos tornamos um verbo conjugado, talvez, haja alguns momentos de mera existência fatual (uma gata de uma ilusão). Nos últimos meses tenho notado que às pessoas só se enganam quando não aceitam, na calada da noite, que estão sempre enganadas! E quando me esforço para encontrar algum sentido para o que tenho feito é com uma gargalhada irônica que desperto. O assustador é saber que essa gargalhada vem de mim. Sou desses que perde tudo com bastante frequência e chego no nada por acaso, como alguém que encontra uma moeda no chão – com a estranha manobra de ser eu mesmo quem lançou às malditas moedas. Todas as funções que me foram entregues racharam como tudo trinca em mim. Entre meus primeiros anos de isolamento, quando descobri que não era engrenagem para essa máquina do lado de fora da janela – e aqui dentro, inclusive- dei giros fantásticos em torno de meu próprio espectro. Mas não posso falar sobre isso com ninguém, por isso escrevo. Até que tentei por vezes me obrigar a olhar para esse mundo e jogar meus ganchos. Mas não há lugar para minhas duras palavras! Só fiz inimigos quando disse algo que julguei estar embaixo dos panos! E admito que seja uma sábia decisão ser meu inimigo! Pois só ocupo meu tempo com companheiros! E meu tempo é de fogo...

.....Me embrenhei no brejo, nessa vida. Minhas botas ficaram presas e por isso às deixei para trás! Tenho a obsessão de seguir... Minha sensibilidade é de cimento. Preciso de boas pancadas para me impressionar. “Problema seu, xará”. Bem sei, e por isso já não acho adequado lançar essa carga no mundo. Olhando para meus abismos sinto que eles engoliriam facilmente esse mundo. E para a maioria das pessoas que esbarro dia e noite à fora, isso se chama personalidade introspectiva. Que seja... chamem como quiser. Ainda não materializa uma ponte sob os abismos. Quando mergulho dentro de mim, não vejo nenhuma possibilidade de sair bem. E fico rapidamente entediado com os olhos voltados para fora. Isso quer dizer que pioro... Dureza e ter a imagem de si mesmo vinculada ao homem de neandertal, tomando o rumo errado e se acabando.

.....Quando tudo se foi, restou esse pequeno “ocupavel” com nada para ocupar. Existe a hipótese que estarei por aí amanhã... me esgueirando por trás dos arbustos, me identificando mais com aranhas do que com humanos. Meu primeiro mantra consistia em “é uma eterna quarta-feira”, e não passou disso. Em algum momento desta quarta-feira alguém sentirá esse frio na espinha que nos conta o grande segredo: “nada começou, e tudo vai acabar”. Até lá, se pudesse alimentar alguma esperança – coisa que, por algum motivo, não faz parte do meu ser-, seria a de ser completamente esquecido para atingir a margem, depois de tanto nadar nesse mar, do miolo da palavra descanso presente.

r.A.

sábado, 23 de julho de 2011

Tchau Amy?

.....O som e a palavra, muitas vezes o encontro entre duas fagulhas poéticas! Para não sufocarmos o traço mais potente de nossa singularidade nos livremos de aspectos históricos – que nesse momento, falando do que falamos, não passa de mera informação de calendário! Do que é, hoje se vai uma parte. Outro do clube dos 27? Os empáticos demais? Rasgados pela condenação meta-biológica, meta-psicológica, metá-física, sempre meta, sempre para além... e umas reticências... Que que importa? Manchas de nossos fluídos – alguém queima e arde em público e o povo quer um pedaço dessa carne frita! Nietzsche disse que a marcha da humanidade é puxada pelos grandes da espécie, o resto, megalomania: narrativa (pseudo) absoluta da espécie.

.....Uma noite, após uma aula medíocre na universidade, sentei na mesa do bar esperando um amigo – dos poucos que graças aos deuses, tenho. E vi na capa de uma revista Amy Winne House. Jornalistas de plantão, olhos esbugalhados para sugar de relance os que têm talento – assim suprindo em um artigo de revista a ausência de talento destes- falando sobre os problemas de Winne com bebidas e drogas. Seria isso e nada mais? Sorte dos que não são reféns da história! “Continuarás hiena, etc.” Quando a ela, enquanto eu estava trancado em um quarto de dois por nada, embalava minhas noites de insônia. Seria isso e nada mais? Meta e umas reticências!

.....Outra noite, 10min antes de subir ao palco para outro show da Sodoma H., Murilo (The Sulky) me diz: “Minha família queria me internar e eu disse não não não!”. E rimos. Olhei para o telão da casa em que iria tocar: Lá estava ela. Bebericando e cantando! Na minha cabeça, dediquei os dois primeiros poemas para ela.

.....Seguimos atravessando, na melhor das hipóteses, o poema com o som, o som com o poema, e nossos demônios saltam fora de nosso corpo, sapateiam pelo palco. Às vezes nos chutam, às vezes nos fazem chorar, gritar, parar no tempo, golpear o espaço, sem chance para a matéria, saltam no público, o público suporta quando lhes dá, jogam de volta, os demônios se multiplicam no palco, tentam nos esgoelar, a reza não tem vez nessa dança de xamã, nesse ritual pagão, sacralizar o profano, profanar ... profanar... profanar... Outra vez! É tentar não estourar, tentar, por vezes não conseguir... Tentar se recompor, tentar, por vezes não conseguir... É pedaços! Um tipo de música que gostaria de ser “profissional”, por vezes, mas não dá... Demônios não respeitam burocracias humanas – nem roteiro, nem método, nem narrativas!

..... Agora, bem, a hipótese é que ela se foi. O tempo todo se despediu e poucos tiveram a sensibilidade para captar. Penso que entendo algo de sua “alma”, não racionalmente, óbvio, mas algo desta linguagem universal – que Rimbaud previa-, uma linguagem de alquimia, verbos com cores e sabores. Como vi Iggy Pop em uma entrevista dizer, grandes músicas estão no ar e o músico esperto captura, nem espero que alguém mais entenda.

.....Tchau Amy, suportou 27 anos. É bastante para sua sensibilidade! Mais do que a história pode registrar e buscar compreender. Meta e umas reticências...

r.A.

Nota: Ao som de "Back To Black".

terça-feira, 19 de julho de 2011

Os especialistas: Manual do Sucesso!

“Ele não tinha nenhuma pretensão a sábio e pronunciara a frase para começar a se desculpar; mas quando viu aquela enxurrada de saber, de títulos, a sobrenadar em águas tão furiosas, perdeu o fio do pensamento, a fala, as ideias e nada mais soube nem pôde dizer.” *

..... Há coisas suportáveis, por exemplo: quase nada! E esse quase nada não incluí pessoas – muitas, digo. Em Cioran vi o alerta: cuidado com os religiosos do “eu”. Aqueles que convertem a si mesmos em religião. Os especiais, sabem? Aqueles do tipo “tarados”, que impossibilitados de se masturbar em público – de fato – passam a disfarçar em escrita ou blábláblá de mesa de bar. Espécies, não muito raras, de Jesus Cristo de sua própria narrativa! Escutá-los ou ler estes, é uma odisséia. Uma narrativa de grandes feitos. E eles nem ocultam isso! Em suas “coisinhas”, “ficções com a boca”, “estalar repugnante da língua”, “eu, eu, eu, eu , eu, e mais EU”, como dizia, em suas “coisinhas”, se esforçam mais do que o titã Sísifo (que empurrava uma rocha ladeira acima) para convencer os fiéis (da religião de seus egos) que são o caminho, a verdade e a vida. Aleluia! Pena que o alerta de Cioran veio tarde! Poderia ter me convertido em objeto mais cedo. Mas como me recordo de já ter dito (infelizmente): _nunca é tarde quando já é tarde demais! – Retórico? Sim, me dou ao luxo de minha própria patetice.

.....Esquecer faz parte da consciência? Oh, parece que sim! Esquecendo do fracasso inerente ao ser, alguém rapidamente deseja se converter em herói. Podemos observar os lapsos de “ingenuidade” forçada. “ELOGIAR E INCLUIR-SE!” Em outras palavras: “Manual do Sucesso”. Coisinha de gente cheia de gás! Talvez cheios de gases... Peidorrentos do tagarelar! E como isso funciona? “_AH! (esse ah é de gozo, ok?) Meu amigo! Você é tão importante nesse nosso meio! E eu estou do seu lado... Vê? Sou importante, assim como você, assim como toda a narrativa absoluta da espécie! É sim, é sim! Li livros que concordam comigo, contigo, conosco! LOGO, somos o sucesso encarnado! Somos especialistas, somos especiais, nós, vós, eles? Não! Eles não! Nós e vós!” E os elogiados, menos hábeis e estrategistas, na sequência, embalam o refrão (típico de platéias de auditório): Sim! Sim! Você tens a razão que nos faltava! Eis a boa nova! Somos especiais, somos especialistas! Estamos na narrativa absoluta! E rapidamente se tornam adeptos do novo Jesus. Aleluia! Pouco importa se essa nova santidade seja apenas destinada a um fanatismo local. De uma pequena cidadezinha. Ignora às verdades que doem. Dissimula verdades suportáveis – às adéqua na inversão – dizendo: Sou necessário, ao invés de inútil. Vitorioso, ao invés de fracassado. Inteligente, ao invés de masturbador. Etc. Tenho trabalho por fazer? NUNCA! Já sou completo! Sou lei! Aleluia! Amém!

.....Dá para aprender algo com isso... Rir. Você senta, abre uma cerveja, acende um cigarro, observa e ri. É melhor que circo! Pois no circo, os palhaços representam (quase) seguros do heteros-autos. E estes fanáticos locais, como formigas, andam em fila e chocam às anteninhas. É cômico. Acreditam! E o mundo continua conspirando contra eles: Ô DÓ! Não se preocupem meus amigos, até o cocô do cachorro e o mijo do gato têm seu lugar na sociedade. Agitam os sapatos – a gente desvia para não pisar.

“_ O major, hoje, parece que tem uma ideia, um pensamento muito forte.

_Tenho, filho, não de hoje, mas de há muito tempo.

_É bom pensar, sonhar consola.

_Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismos entre os homens... ”*

* Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto

r.A.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Converse com o Batman aqui!



.....Como começar o dia bem, não é uma boa pergunta. Boa pergunta é: como suportar o dia? As toneladas que sufocam o mundo do conhecimento, em geral, versão sobre o mesmo tema. As técnicas vão desde teorias sobre a esperança, a fé, o pensamento positivo, a auto-ajuda (que nunca é auto), utopia, e milhões de etc. A humanidade, resvala entre inúmeros sistemas para se manter viva. Dentre todas as bengalas, arriscaria dizer que a arte é mais eficaz. Mas se a vida fosse tão poderosa e desejável assim, não precisaríamos de tantas bengalas... Tanto gesso para imobilizar ossos partidos. Alienar-se, em relação à vida, não poderia ter lá seu gosto de remédio? Dar sentido, jovem chaga do homo sapiens! Por outro lado, ainda podemos arriscar dizer mais uma coisa: bengalas fazem parte da vida... tanto quanto a vida, hoje, cheira três pernas.
.....Ainda jovem, Nietzsche registrou para nós – atravessando tormentos que fariam um cérebro normal trincar- que a vida está para além de todos os valores. Não-valorável. Tribunal maior. Quando nos “abandonou”, deixou o telefone fora do gancho com uma ligação engatilhada: alô arte, já sabe o que fazer?... Nietzsche, filósofo de machado em punho. Arrebentando a porta da transição de um século que cravou a espada no estômago do absoluto. E lá se foi nossa mania de “verdade”, adentrando outro século, ferida de morte. E alguém lhe deu ouvidos? Contextualizaram e afunilaram seu conhecimento... tornaram-no acadêmico. Assim, a intensidade de suas palavras/vida, pode ser consumida por qualquer intelectual de fundo de café. Um perigo cinematográfico: “sentam-se com seus baldinhos de pipoca, assistem corpos despedaçados e depois vão a uma pizzaria com a (o) namorada (o)”. E a filosofia se tornou suportável Cioran? Creio que não. É só uma culturazinha de meia tigela que congela tudo na história. Não derrama uma lágrima no sábado à tarde enquanto toureia a loucura.
..... E o que mais? Talvez a arte tenha se tornado demasiada suportável. Tanto que é ainda possível um gole de vinho em uma exposição, um trago no show de rock, uma foto do lado de uma tela de Modigliani. “Uma canção para ninguém, pois o importante é viver”. E eis que o telefone que Nietzsche deixou fora do gancho foi re-posto em seu (in) devido lugar._Oh, alguém deixou algo fora do lugar... melhor dar um jeito nisso; a conta do telefone é cara! A filosofia Cioran, não, ela não é suportável. Você provou o gosto e sabe que ela não é. O que? A arte queria nos contar que a vida é mais importante ou que a vida ainda está por vir – ou nem um, nem outro, arte são tubos de oxigênio... -? Como é Deleuze... a vida não morre?
..... Do que falávamos? Ora, deixa à vida vir. Masquei um pedaço e cuspi fora. Com os punhos cobertos de hematomas aguardo com gula o próximo round! No meu corner uma garrafa de vinho e um maço de cigarros. Sozinho como nunca estive e como sempre desejei. Quando for à hora, darei um jeito de me virar – sem antecipações. E se não der, tiro o telefone do gancho mais uma vez, como tenho feito à 20 e tantos anos. Foi o melhor que o mundo me deu, afinal.


r.A.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nos bastidores do conto...



Nota: Já que o conto anterior foi muito curto. Resolvi anexar uma porcariazinha!

.....Tomei um porre de Jose Cuervo. Somando o porre a meus estudos filosóficos em Heidegger e um bar semi lotado, não é difícil imaginar o fiasco de alguém sem vergonha e em crise existencial. Xinguei algumas pessoas, falei o que pensava sobre outras (podemos pensar que foi xingamento também) e terminei do lado de fora do bar rindo na calçada! Até aí, acho que está tudo bem... e quem pensa que não, que vá para o “Yes mandioca!”.
..... É claro que não há como se vingar de um bom trago (não há um motivo)! Bêbados amadores se lamentam pela manhã dizendo: “nunca mais farei isso!”. Como sou veterano, já digo: “maldito trago!” o que é mais ou menos o mesmo que dizer: “maldito eu que bebe demais!”, obviamente, em vias da filosofia heideggariana do “dasein” (ser-aí). Desta vez decidi não deixar por isso! Botei na cabeça que iria difamar o trago! É certo que não bebo nem metade do que falo que bebo. Nem metade do que deveria, seria o correto! Nem um terço do que gostaria! Nem um décimo do que equilibra meu bolso e meus desejos. Teria poupado esse parágrafo se tivesse escrito: frustrado! Mas tudo bem... é de parágrafos que se vive a vida – bosta nenhuma!
..... Mas lá me fui eu com as ideias iniciais. O conto ficou muito extenso e cheio de verborragias. Aí me pus a cortá-lo. Por dias ele ficou armazenado no meu computador. Não encontrava a proporção exata das ações e seus desvios. Pensei que o escreveria em uma hora e não foi bem assim... No decorrer do conto, iniciei outro conto longo e concluí dois poemas (já destinados para outros trabalhos). Também escrevi um artigo para um colóquio em filosofia da UFFS (Cioran) e apresentei o mesmo. E o conto permaneceu ali. Pensei em deletá-lo. Mostrei para algumas pessoas e analisei suas expressões. Três riram, uma garota não. Como não gosto de deixar muito tempo um escrito parado, terminei por deletá-lo. Por um motivo bem simples, embora difícil de se viver: se se perde os motivos, então não valia tanto assim!
..... Uma noite – a noite que o publiquei o conto “O marco” no blog, obviamente – fiz as contas das dívidas do mês após ter recebido o dinheiro de meus trabalhos diversos. Separei “oikonomicamente” o dinheiro necessário para terminar meu conto mais longo. Duas carteiras de cigarro e duas garrafas de um bom vinho. E foi aí que tive a ideia de reescrever o conto para me aquecer e depois de aquecido ir para o conto mais longo: ou seja, adquirir o ritmo necessário. E pensei que o conto ficou bom. Na medida que me agradava. Por fim, não o achei “bom”, nem “ruim”, apenas necessário.
..... Em geral, penso que alguém que quer se meter a escrever não precisa nada além de um gosto bem amargo do real (você falou o gosto doce? Vá para o “Yes mandioca”, então!) e uma que outra técnica na manga (apenas o necessário para se fazer entender: para consigo mesmo? Para com os outros? Para com o vazio?... fica à critério...). O resto é baboseira. Frequentei algumas oficinas e li alguns livros sobre escrita... não me recordo de ter lido ou ouvido algo relativamente necessário fora da necessidade de expressão. É feita muita ladainha sobre algo que não necessita tanta ladainha. Alguém diz: Ah, mas eu não escrevo bem... Pergunto: E alguém escreve? É como a fantasia da juventude: Transar bem! Achar que precisa de tal corpo ou tal carro, ou tal roupa para transar bem... Quando se transa bem em/na relação a/com uma pessoa (ou umas pessoas) e não com todo esse preparativo que se não é, beira o ridículo! E não se esqueçam que os fanáticos da metodologia vivem a retirar conclusões de ouros escritores que não davam a mínima para esses comentadores de fim de semana! E depois, se tem tanto bunda mole enchendo jornais, revistas e livros por aí com coisas que dá até dó ou nojo de ler, não há mais nem o que comentar! E tem os cagalhões que acham grande coisa escrever em jornais, revistas e livros – bosta nenhuma! Há bem mais que isso, lhes garanto! Se insistem nisso tenho a resposta cabível: vão peidar na água para fazer bolha!
.....Estar rindo – surtado- do lado de fora de um bar passa a fazer bastante sentido quando penso o que consigo fazer com tudo isso. Quanto aos que ainda acham isso fora de moda ou descortês ou “bárbaro”, já sabem: “Yes mandioca” para eles!

r.A.