domingo, 28 de junho de 2009

gAlÕeS dE tInTa...

À noite já não me abraça como outrora...
E eu estava em um bar, e não conseguia evitar que a meus ouvidos chegasse
O papo de dois aspiras a artistas
Que diziam da importância do renascimento.

Eu pensando em manchas de sangue, em gritos ensurdecedores, em duchas de motéis baratos, em baratas que dançam na boca dos mendigos bêbados,
Na minha incapacidade de impedir o pó que toma conta do meu quarto...

E lá se ouvia:_sim, o renascimento! Ou:_é, o renascimento!
Meu Deus gay, renascimento!
E todos mortos e andando como um cachorro arrastado para o inferno pelos vermes

E eu:_NÃO!
E eles param.
E eu armo minha maldita risada, minha ironia saída de um caixão lilás...
Me defendo como um boxeador,
Saltitando de um lado para o outro com os punhos na altura da cabeça
E pós alguns segundos um olha para o outro e sussurra o maior de todos os segredos da existência, aquilo sem o qual nenhum ser humano na face da terra sentiria alguma fricção de angustia, dor, e vômito seco se não sêmen acumulado em escrotos promíscuos...
Segue:_sim, renascimento! Ou:_Oh claro, renascimento!
Em baixo do meu nariz o pescoço de uma garota com cheiro de pescoço de uma garota e nada mais. Olho para esse pescoço esperando que ele me diga renascimento e ele não diz e eu agradeço a qualquer coisa por ter esse pescoço e mergulho nele como um vampiro. Era isso que eu procurava nas noites!

Melhor sempre foi deitar com uma mulher, olhar para o teto e ouvir as histórias de sua vida, as lembranças que lhe asseguram o caráter humano. Melhor que um livro, melhor que um poema,
Melhor que uma rena cimentada...

Por mais que eu mude de cor como um camaleão eu saberei por que fui cruel essa noite e eles não.





r.a.
As cores e os olhos das pessoas
As coisas que tentam esconder de si mesmas
Tudo isso espalhado pelo ar e voltando para mim
Eu não gosto de sentir assim, mas aqui esta...

Fotos em todos os cantos
Em todas as janelas
Em todas as portas
Tudo se conserva assustador como sempre...
Para sempre?

Eu ainda me espanto...Mas não tanto

Um dia alguém nos disse que teríamos de expor nossas felicidades
Nossas tristezas
Tudo do melhor ângulo, na melhor pose...
E eles dizem festa e logo abaixo caras
Terríveis...
E eles dizem família
E todo mundo abraçado com um sorriso falso e amarelo...
Fora os que escrevem “amor & ternos”
Ou
EU
Uma morte deliberada e esculpida no gelo.

r.a.

Eu penso no sangue derramado

Acordado olhando pela janela do meu quarto
Com a insatisfação de uma vida que nem sei o quanto durará
Até o portão talvez...
Até o sol dar a sua volta.

Sons na minha cabeça
Como as lágrimas de uma mãe em um noticiário
Com seu filho ensangüentado no colo

O último na madrugada?
Sem sinal da cruz, sem sinal algum...

O cantar fraco de um galo fraco
Passos rápidos nas pedras da rua escura
Luz do poste
Olhando para as mãos...

Seria eu responsável por esse sangue?
Peso
Dor
Hospital para mim e para nós...
Mais um novo noticiário matinal
Marginal
eu

responsável
dor
dor
dor

Uma linha de tripa que nos liga como telefone sem fio



r.a.

:]

Um ser que esta sorrindo
Olhando para todo o horror que fizeram desse mundo
Só pode ter um desses dois problemas:
Ou esta sobre o efeito de um grande anestésico
Ou
É seu namorado.

Dos dois eu prefiro o segundo problema
mas você esta longe... ai eu persigo o primeiro
Ambos me levariam ao túmulo
Porque tudo leva ao túmulo...

Eu sou tão teimoso que certamente me recusarei a morrer quando for minha hora!
Crie raízes e fique grudado no chão
Firme e imóvel
Como as letras do seu nome.

r.a.