sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nos bastidores do conto...



Nota: Já que o conto anterior foi muito curto. Resolvi anexar uma porcariazinha!

.....Tomei um porre de Jose Cuervo. Somando o porre a meus estudos filosóficos em Heidegger e um bar semi lotado, não é difícil imaginar o fiasco de alguém sem vergonha e em crise existencial. Xinguei algumas pessoas, falei o que pensava sobre outras (podemos pensar que foi xingamento também) e terminei do lado de fora do bar rindo na calçada! Até aí, acho que está tudo bem... e quem pensa que não, que vá para o “Yes mandioca!”.
..... É claro que não há como se vingar de um bom trago (não há um motivo)! Bêbados amadores se lamentam pela manhã dizendo: “nunca mais farei isso!”. Como sou veterano, já digo: “maldito trago!” o que é mais ou menos o mesmo que dizer: “maldito eu que bebe demais!”, obviamente, em vias da filosofia heideggariana do “dasein” (ser-aí). Desta vez decidi não deixar por isso! Botei na cabeça que iria difamar o trago! É certo que não bebo nem metade do que falo que bebo. Nem metade do que deveria, seria o correto! Nem um terço do que gostaria! Nem um décimo do que equilibra meu bolso e meus desejos. Teria poupado esse parágrafo se tivesse escrito: frustrado! Mas tudo bem... é de parágrafos que se vive a vida – bosta nenhuma!
..... Mas lá me fui eu com as ideias iniciais. O conto ficou muito extenso e cheio de verborragias. Aí me pus a cortá-lo. Por dias ele ficou armazenado no meu computador. Não encontrava a proporção exata das ações e seus desvios. Pensei que o escreveria em uma hora e não foi bem assim... No decorrer do conto, iniciei outro conto longo e concluí dois poemas (já destinados para outros trabalhos). Também escrevi um artigo para um colóquio em filosofia da UFFS (Cioran) e apresentei o mesmo. E o conto permaneceu ali. Pensei em deletá-lo. Mostrei para algumas pessoas e analisei suas expressões. Três riram, uma garota não. Como não gosto de deixar muito tempo um escrito parado, terminei por deletá-lo. Por um motivo bem simples, embora difícil de se viver: se se perde os motivos, então não valia tanto assim!
..... Uma noite – a noite que o publiquei o conto “O marco” no blog, obviamente – fiz as contas das dívidas do mês após ter recebido o dinheiro de meus trabalhos diversos. Separei “oikonomicamente” o dinheiro necessário para terminar meu conto mais longo. Duas carteiras de cigarro e duas garrafas de um bom vinho. E foi aí que tive a ideia de reescrever o conto para me aquecer e depois de aquecido ir para o conto mais longo: ou seja, adquirir o ritmo necessário. E pensei que o conto ficou bom. Na medida que me agradava. Por fim, não o achei “bom”, nem “ruim”, apenas necessário.
..... Em geral, penso que alguém que quer se meter a escrever não precisa nada além de um gosto bem amargo do real (você falou o gosto doce? Vá para o “Yes mandioca”, então!) e uma que outra técnica na manga (apenas o necessário para se fazer entender: para consigo mesmo? Para com os outros? Para com o vazio?... fica à critério...). O resto é baboseira. Frequentei algumas oficinas e li alguns livros sobre escrita... não me recordo de ter lido ou ouvido algo relativamente necessário fora da necessidade de expressão. É feita muita ladainha sobre algo que não necessita tanta ladainha. Alguém diz: Ah, mas eu não escrevo bem... Pergunto: E alguém escreve? É como a fantasia da juventude: Transar bem! Achar que precisa de tal corpo ou tal carro, ou tal roupa para transar bem... Quando se transa bem em/na relação a/com uma pessoa (ou umas pessoas) e não com todo esse preparativo que se não é, beira o ridículo! E não se esqueçam que os fanáticos da metodologia vivem a retirar conclusões de ouros escritores que não davam a mínima para esses comentadores de fim de semana! E depois, se tem tanto bunda mole enchendo jornais, revistas e livros por aí com coisas que dá até dó ou nojo de ler, não há mais nem o que comentar! E tem os cagalhões que acham grande coisa escrever em jornais, revistas e livros – bosta nenhuma! Há bem mais que isso, lhes garanto! Se insistem nisso tenho a resposta cabível: vão peidar na água para fazer bolha!
.....Estar rindo – surtado- do lado de fora de um bar passa a fazer bastante sentido quando penso o que consigo fazer com tudo isso. Quanto aos que ainda acham isso fora de moda ou descortês ou “bárbaro”, já sabem: “Yes mandioca” para eles!

r.A.

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