sábado, 30 de julho de 2011

Mas afinal, o que você veio fazer aqui?


.....Como Rimbaud, não me pergunto mais por onde começar. Acredito que retomamos o caminho! E fora todo o exercício de pensar e sentir estar sempre embutido de retóricas, pois, aprendemos a conjugar os verbos por anos à fio até que nos tornamos um verbo conjugado, talvez, haja alguns momentos de mera existência fatual (uma gata de uma ilusão). Nos últimos meses tenho notado que às pessoas só se enganam quando não aceitam, na calada da noite, que estão sempre enganadas! E quando me esforço para encontrar algum sentido para o que tenho feito é com uma gargalhada irônica que desperto. O assustador é saber que essa gargalhada vem de mim. Sou desses que perde tudo com bastante frequência e chego no nada por acaso, como alguém que encontra uma moeda no chão – com a estranha manobra de ser eu mesmo quem lançou às malditas moedas. Todas as funções que me foram entregues racharam como tudo trinca em mim. Entre meus primeiros anos de isolamento, quando descobri que não era engrenagem para essa máquina do lado de fora da janela – e aqui dentro, inclusive- dei giros fantásticos em torno de meu próprio espectro. Mas não posso falar sobre isso com ninguém, por isso escrevo. Até que tentei por vezes me obrigar a olhar para esse mundo e jogar meus ganchos. Mas não há lugar para minhas duras palavras! Só fiz inimigos quando disse algo que julguei estar embaixo dos panos! E admito que seja uma sábia decisão ser meu inimigo! Pois só ocupo meu tempo com companheiros! E meu tempo é de fogo...

.....Me embrenhei no brejo, nessa vida. Minhas botas ficaram presas e por isso às deixei para trás! Tenho a obsessão de seguir... Minha sensibilidade é de cimento. Preciso de boas pancadas para me impressionar. “Problema seu, xará”. Bem sei, e por isso já não acho adequado lançar essa carga no mundo. Olhando para meus abismos sinto que eles engoliriam facilmente esse mundo. E para a maioria das pessoas que esbarro dia e noite à fora, isso se chama personalidade introspectiva. Que seja... chamem como quiser. Ainda não materializa uma ponte sob os abismos. Quando mergulho dentro de mim, não vejo nenhuma possibilidade de sair bem. E fico rapidamente entediado com os olhos voltados para fora. Isso quer dizer que pioro... Dureza e ter a imagem de si mesmo vinculada ao homem de neandertal, tomando o rumo errado e se acabando.

.....Quando tudo se foi, restou esse pequeno “ocupavel” com nada para ocupar. Existe a hipótese que estarei por aí amanhã... me esgueirando por trás dos arbustos, me identificando mais com aranhas do que com humanos. Meu primeiro mantra consistia em “é uma eterna quarta-feira”, e não passou disso. Em algum momento desta quarta-feira alguém sentirá esse frio na espinha que nos conta o grande segredo: “nada começou, e tudo vai acabar”. Até lá, se pudesse alimentar alguma esperança – coisa que, por algum motivo, não faz parte do meu ser-, seria a de ser completamente esquecido para atingir a margem, depois de tanto nadar nesse mar, do miolo da palavra descanso presente.

r.A.

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