quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pedaços de um ensaio escrito ao longo de quatro copos de Vodca - ao som de Imitation of life (R.E.M.) !



(Título de referência a Bukowski)


......Uma caneta trêmula segurada por uma mão tímida sob uma folha em branco. Fora da moral cristã também há o sentimento de arrependimento? Um animal que desenvolveu a técnica curiosa de exteriorizar-se em signos. Existe algo de ridículo no endeusamento ao escritor. O escritor que não se sente um animal exibido em uma jaula de palavras está fazendo alguma coisa errada... levei 40 minutos para concluir esse parágrafo, já foi mais fácil – até onde me lembro.
......O bom escritor é aquele que ao escrever cria uma relação de empatia com seu público – MENTIRA! O bom escritor é aquele que possuí leveza e domínio das palavras ao expressar suas ideias – OUTRA MENTIRA!  O bom escritor...- MENTIRA! Não existe essa história de bom escritor. Ideia, expressão, técnica, domínio, blábláblá para boi dormir. Existem pessoas que não cabem mais dentro de si e para não explodir ou se atirar de uma ponte, escrevem. O resto é jogo. Jogo e tédio. Jogo, tédio e opinião.
......Não entendo como alguém pode (querer) se expressar sem fraturas e fricções. Gente de bem com a vida se vira melhor batendo palma para o sol, comendo maçã do amor, discutindo o socialismo X capitalismo no bar com os amiguxos, do que escrevendo. Quando escrevem há uma reprodução desnecessária do império da baboseira. Alguém disse (foi Voltaire?): “Posso não concordar com sua opinião, mas lutarei ao seu lado até o fim pelo direito que tem de expressar sua opinião”. Foi mais ou menos isso? Vou aplicar minha correção. Posso não concordar com o fato de você exprimir opiniões. Só.  
......Desconfio. Lá onde algumas pessoas dizem “acredito que...”, eu desconfio. Não sei dizer se sou realmente um escritor, mas desconfio que tenho feito isso direito. Garanto para você que não é algo que alguém deve se orgulhar. Um colombiano safado disse que “escrever é um problema a mais”. Efraim Medina Reyes é o nome desse tal colombiano, que não menosprezo por abandonar! E ele roubou esta proposição de um filósofo chamado E.M. Cioran. Um dia pretendo escrever uma filosofia para rebater Cioran, mas não aqui, mas não por enquanto... por enquanto sou jovem e molenga – mas não é disso que quero falar. Quero falar sobre Cioran ter dito que “a literatura é a verdadeira filosofia”. É claro que (só por hoje...) não concordo. Filosofia vive em um porão na casa onde a literatura habita. O filósofo é um palhaço tentando avisar que o circo tá pegando fogo! (Kierkegaard). Ainda assim, para qualquer um que escreve, que precisa escrever, que não explode nem pula da ponte por covardia ou descrença, escrever é um problema a mais. E escrever é, sem dúvidas, um gozo masoquista. Uma vergonha altruísta.
......Ninguém pode se dar bem virando-se do avesso e exibindo as tripas e o coração. Também não há dinheiro, nem reconhecimento, que pague o preço por esse ato de loucura espontânea. Seria uma terapia se o anonimato esfriasse essa febre! Quer saber mais sobre isso? Desenterre o cadáver de Lima Barreto e pergunte até ele responder. Ou melhor! Nem queira saber mais sobre isso... isso não é para você. Vá escrever num jornal – ziguezagueando entre propagandas de lojas e puteiros! Quem sabe você não se convence que é “O cara” ou “A mina” e deixa a literatura em paz. Eu conto assim: 1 no jornal, -1 na literatura! Eu também tenho minha matemática (risos). Obs: Lima escapa das funções matemáticas! Então não venha com o papinho de que estou sendo contraditório – eu esfrego o saco com paradoxos.
......Uma caneta trêmula segurada por uma mão tímida sob uma folha em branco. Agora já era! A virgindade da folha foi profanada. Dizem as más línguas que Pai é quem cria. Responsabilidade inimaginável para um vagabundo como eu. Justo eu que escrevo como quem depreda a vidraça de um banco – mas sem máscara e sem bando! Tenho concepções políticas óbvias: Sou de direita quando o copo de vodca está do meu lado direito – tipo agora – e de esquerda quando o cigarro está do meu lado esquerdo – tipo agora. “Os filósofos passaram séculos interpretando o mundo, agora é hora de transformá-lo” – Interpretou o filósofo Karl Marx. E como você pode perceber, cá estou do meu canto mudando o seu mundo e o meu mundo enquanto escrevo – isso porque você leu até aqui! Já sabemos o que faço com paradoxos... (riso triunfal).
......Caneta tipo espada em mão firme sob uma folha de brancura profanada! Rolou uma apatia entre nós (?), ou...



r.A.

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