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Utopias enchem o saco! Mas é proibido dizer isso, não pela lei, mas pela
moralzinha “Salve o mundo”. É muito interessante esse amor declarado pelo povo,
hoje em dia, que obviamente é uma estratégia frouxa para quem acredita que bom
mesmo é saber agradar! Bastou umas quatro ou cinco gerações no Brasil,
crescendo na frente da t.v. para formar uma cultura de frauda e chupeta. Não preciso citar nenhum autor da filosofia ou
qualquer outro campo do saber para deixar em evidência que o que chamamos de “sinceridade”
não passa de uma grosseria legitimada – depois de Cioran, eu não acredito que
alguém seja capaz disso de uma maneira que preste. No esteio dessa moralzinha “Salve
o mundo” está uma crítica social preguiçosa! – nem deveríamos chamar isso de
crítica social, mas deixe estar -, algo do tipo: aí o capitalismo, ui a mídia
manipuladora, ai a direita, ui a esquerda, e por aí vai os ai-ai-ai-ai e ui-ui-ui.
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Estava relendo o livro “Guia politicamente incorreto de filosofia” de Luiz
Felipe Pondé. Achei um livro bastante interessante, mas é claro que não
concordo “plenamente” com a visão do autor. Assim como acho uma extravagância alguém
que acha a humanidade toda fofinha e bonitinha – que merece ser defendida em
todas as proposições críticas sociais (preguiçosas) -, também acho uma
extravagância considerar a humanidade uma peste, um vírus planetário: a
humanidade não é tão potente assim para atingir esses dois extremos! Aliás, os
indivíduos – sim, eu considero os indivíduos depois da modernidade com todas
suas peculiaridades histórico-sociais – não são tão fortes assim para serem tão
maus. Para ser verdadeiramente ruim, um sujeito precisa de um pouco de
inteligência – é preciso inteligência para prejudicar e uma banalização do mau,
certamente! Ou caímos em um socratismo- platonismo que afirma que o mau caráter
é uma ignorância e o bom caráter só poderia ser seu oposto. O que estou dizendo
é que não considero a humanidade, enquanto generalidade, inteligente. Também
não considero os indivíduos – em sua maioria – inteligentes. Você poderia estar
aí se contorcendo na frente do computador enquanto pensa: e você r.A., se acha
muito inteligente para fazer esse julgamento! E seria aí que você daria com os
burros n´água por pensar assim. Eu não me considero um cara muito inteligente!
Um mediano, talvez, um medíocre. Mas, pelo menos, não sou tão tolo e ingênuo ao
ponto para defender histericamente ou fanaticamente uma ideia utópica de “Salve
o mundo”. Aliás, prefiro uma distopia! Sim, DISTOPIA. Você sabe o que é isso?
A-rá, achou que eu ia lhe contar! Pois veja só, não vou. Pesquise se quiser
saber.
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Acho a distopia mais coerente para se pensar hoje do que a utopia. Veja só, a
utopia correndo nas veias de uma galera que insiste na tal crítica social
preguiçosa ficou evidente quando uma tal blogueira de Havana, Cuba, pisou em
solo brasileiro. A utopia fez com que alguns fraldinhas e chupetinhas
encabeçassem protestos de uma falta de compreensão que fazia tempo que eu não
via no Brasil! Tem gente que realmente não entende o que é criticar um país com
histórico de 50 anos de ditadura. E por favor,
não me venha com a crítica social preguiçosa que acredita em dados
estatísticos! A repressão não pode ser matematizada em nível algum – assim como
inteligência não é unicamente estar alfabetizado. A utopia somada a uma crítica
social preguiçosa faz pensar que lá é melhor que cá e, quem critica meus “amigos”
é meu inimigo mortal! Mais! Essa analise própria para os fraldinhas e
chupetinhas, que se deixam levar por generalizações de livretos de escola a lá
ensino médio, dá asas a imaginação pervertida! Alimenta, inclusive, a fé em
teorias da conspiração. Minha última palavra sobre isso – última mesmo, prometo
– quem acha que paraíso utópico é uma ditadura, está centímetros em acreditar
que alienígenas pousam no quintal de casa ou gnomos escondem pequenos objetos
dentro de casa. Imagino pessoas assim sentadas, aos prantos, porque papai Noel
não compareceu nesse natal.
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Quem não entendeu ainda as negociatas sujas feitas com politiqueiros dentro de
sindicatos, dentro de movimentos sociais, dentro do próprio estado, então
deveria passar suas manhãs na creche! E sinceramente, seria melhor assim. Esse
tipo de gente sentiria um progresso intelectual pintando uma abelha em uma
cartolina ou aprendendo a escrever o nome.
Se achar moralmente superior porque faz parte de um sindicato ou
movimento social, para mim, é mais ou menos acreditar na fada do dente! Temo
que pessoas assim não consigam chupar um sorvete, metendo o sorvete na orelha
pensando que está metendo na boca. Ou trata-se de gente mau caráter mesmo!
Nesse caso, aí seria como meu velho pai falava sobre cachorros que comem
galinha... quem já morou no interior sabe do que se trata.
......Por
um longo tempo em minha vida eu acreditei no Aristocrata desenvolvido por
Nietzsche. E não desmerecendo o grande Nietzsche e sua filosofia, acho isso de
uma “ingenuidade genial”. Os gênios têm disso!, quando acertam, acertam no meio
do alvo, mas quando erram... erram no meio do alvo também! E é nesse sentido que
vai minha crítica ao Pondé. Ele poderia ser bem mais trágico do que se
pressupõem. Se ele caiu nessa, só penso que o grau de desespero dele permitiu
isso. O que, sem dúvidas, é uma melhora para se escrever um livro! Muito mais
interessante do que aqueles que acham estar sendo guiados pela luz de um anjo.
Muito mais coerente do que falar de caos e escrever sobre pichar muros – né H.Bey.?
......Por
fim, essa semana fui abordado após uma aula por uma pessoa que pediu para mim
falar sobre anarquismo. Respondi:_ Sabe cara, você acha que chove ou não hoje?
r.A.
– Fisólofo.
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