segunda-feira, 9 de março de 2015

O preço do sorriso



         “Velhos amores só nos servem para lembrar que novos amores sempre serão possíveis”. Essa frase, ou mais ou menos isso, é do escritor colombiano Efraim Medina Reyes. Eu queria ser como ele quando entrei nessa, mas depois descobri que ele estava mais perdido que filho da puta no dia dos pais. Não que eu esteja em situação melhor. Mas!
         Uma das coisas que se não fosse aqui – digo, escrevendo – não admitiria nem morto, é que fazer as coisas por amor vale a pena: Exceto se você for militante de partido político com carguinho comissionado – aí considere o suicídio, porque já está tarde.
         Mas o amor, para quem tem mais de 16 anos (pelo menos mentalmente), nunca será tudo. E não sendo tudo, não deixa de ser uma experiência apenas mais que necessária. Veja bem, eu não amo essa porcaria de blog e nem amo você, mas amo essa porcaria de escrita. Se não fosse isso teria investido na minha promissora carreira de ator pornô – é que tenho incríveis habilidades sexuais, rá rá rá.
         Se me perguntarem se escrevo por amor, eu vou mentir que não. Vou tentar formular alguma coisa mais “inteligente”. Vou dizer que faço isso para salvar as criancinhas, os cãezinhos, a natureza, vou dizer que estou exercendo o dom que Deus me deu (o Diabo; foi o Diabo quem me tirou), que estou resistindo aos programas dominicais de auditório, resistindo às loiras que viram a cara quando eu passo por elas nas ruas, e expandindo minha alma em evolução. Eu bato palmas para o sol no alto daquela colina ao som de Los Hermanos. –Brincadeira, nem desejo ser estúpido, nada.
         O amor não paga as contas: se você duvida, pergunte para sua mãe. O sertanojo universitário paga as contas, falando de amor. Mas você e eu sabemos que na moda humana, o que está em tendência nas quatro estações, é a decadência. Entendeu que meu aluguel atrasou esse mês ou prefere que eu desenhe?
         Poderia dizer que a escrita é a reza daqueles que perderam Deus no banheiro junto com a ingenuidade ou que escrever algo e mostrar para alguém é o melhor remédio para compensar uma solidão enlouquecida. Aposto uma vodca que isso funcionaria bem no programa do Jô. O que me conforta é que nunca vou ganhar nada com isso – Porque não tenho o sorriso da Sasha Grey e nem vendi meu rabo quando o desespero me apertou no saco (na verdade eu doei...).
         Tentei salvar alguma coisa que chamo de Arte – dependendo de quantas doses de whisky tenha tomado, chamo de qualquer merda – por cinco anos. E agora estou velho demais para fazer a apologia do gênio não reconhecido: minha arrogância é um pistoleiro no asilo assoviando Muddy Waters. Definitivamente e em quase tudo na vida, velhos amores só nos servem para lembrar que novos amores sempre serão possíveis. Mais do que isso é nostalgia. Porém, amei sempre o que me surpreende e nunca o que me trás qualquer segurança – nessa coisa de ser escritor.
         Já chegou a ouvir sobre caras que perdem tudo (embora não tenham muito nessa vida) antes de encontrar seu caminho?
_Muito prazer!


r.A.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse li mais de uma vez.