“Velhos amores só nos servem para
lembrar que novos amores sempre serão possíveis”. Essa frase, ou mais ou menos
isso, é do escritor colombiano Efraim Medina Reyes. Eu queria ser como ele
quando entrei nessa, mas depois descobri que ele estava mais perdido que filho
da puta no dia dos pais. Não que eu esteja em situação melhor. Mas!
Uma das coisas que se não fosse aqui –
digo, escrevendo – não admitiria nem morto, é que fazer as coisas por amor vale
a pena: Exceto se você for militante de partido político com carguinho comissionado
– aí considere o suicídio, porque já está tarde.
Mas o amor, para quem tem mais de 16
anos (pelo menos mentalmente), nunca será tudo. E não sendo tudo, não deixa de
ser uma experiência apenas mais que necessária. Veja bem, eu não amo essa
porcaria de blog e nem amo você, mas amo essa porcaria de escrita. Se não fosse
isso teria investido na minha promissora carreira de ator pornô – é que tenho
incríveis habilidades sexuais, rá rá rá.
Se me perguntarem se escrevo por amor,
eu vou mentir que não. Vou tentar formular alguma coisa mais “inteligente”. Vou
dizer que faço isso para salvar as criancinhas, os cãezinhos, a natureza, vou
dizer que estou exercendo o dom que Deus me deu (o Diabo; foi o Diabo quem me
tirou), que estou resistindo aos programas dominicais de auditório, resistindo às
loiras que viram a cara quando eu passo por elas nas ruas, e expandindo minha
alma em evolução. Eu bato palmas para o sol no alto daquela colina ao som de Los
Hermanos. –Brincadeira, nem desejo ser estúpido, nada.
O amor não paga as contas: se você duvida,
pergunte para sua mãe. O sertanojo universitário paga as contas, falando de
amor. Mas você e eu sabemos que na moda humana, o que está em tendência nas
quatro estações, é a decadência. Entendeu que meu aluguel atrasou esse mês ou
prefere que eu desenhe?
Poderia dizer que a escrita é a reza
daqueles que perderam Deus no banheiro junto com a ingenuidade ou que escrever
algo e mostrar para alguém é o melhor remédio para compensar uma solidão
enlouquecida. Aposto uma vodca que isso funcionaria bem no programa do Jô. O
que me conforta é que nunca vou ganhar nada com isso – Porque não tenho o
sorriso da Sasha Grey e nem vendi meu rabo quando o desespero me apertou no
saco (na verdade eu doei...).
Tentei salvar alguma coisa que chamo de
Arte – dependendo de quantas doses de whisky tenha tomado, chamo de qualquer
merda – por cinco anos. E agora estou velho demais para fazer a apologia do
gênio não reconhecido: minha arrogância é um pistoleiro no asilo assoviando
Muddy Waters. Definitivamente e em quase tudo na vida, velhos amores só nos
servem para lembrar que novos amores sempre serão possíveis. Mais do que isso é
nostalgia. Porém, amei sempre o que me surpreende e nunca o que me trás
qualquer segurança – nessa coisa de ser escritor.
Já chegou a ouvir sobre caras que
perdem tudo (embora não tenham muito nessa vida) antes de encontrar seu
caminho?
_Muito
prazer!
r.A.
Um comentário:
Esse li mais de uma vez.
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