segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu quero o mundo, e vocês?


“Eu apenas sou lei para os meus, não sou uma lei para toda a gente. Mas aquele que pertencer ao número dos meus tem de ter ossos fortes e pernas ágeis; há de ser animado para as guerras e festins; nem sóbrio nem sonhador; disposto para as coisas mais difíceis como para uma festa; são e robustos. O melhor que existe pertence-nos, a mim e aos meus, e se não no-lo derem, tomaremo-lo; o melhor alimento, o céu mais puro, os pensamentos mais fortes, as mulheres mais formosas!”


_Nietzsche (Zaratustra: A ceia).



.....23 vezes 365 são 8.395. E 8.395 tardes e madrugadas são aproximadamente o número de dias que estou por aí, no mundo. Neste período de tempo eu avancei e retrocedi, mas 2.190 consistem na aproximação de dias em que eu li Rimbaud pela primeira vez! “Uma temporada no inferno” se for distribuída em um livro de bolso, tem aproximadamente 27 páginas. Aos 27 Kurt Cobain resolveu que já tinha vivido o bastante. Aos vinte e três eu não consigo ouvir uma pessoa falando por mais de 30 min. 1.095 consiste na quantidade de dias que existe este presente blog. Não sei qual é a média de sorrisos e lágrimas que derramei durante todo esse tempo, mas uma coisa eu posso lhes dizer: Este blog me faz sorrir!
..... Eu não consigo acreditar nos jornais, nas revistas, em 90% dos livros que leio, em 99,9% das pessoas que conheço, na história, na matemática e na porcentagem. Acredito em mim pelo simples motivo de desconfiar que não sou um charlatão. Tenho um pé atrás em relação a “razão”, mas afirmo todas as manhãs que Nietzsche, Cioran, Rimbaud, Kurt e Jim Morrison tinham razão, porém, Bukowski é o único cara que gostaria de ter encontrado em um bar! Fora estes, todos, para mim são questionáveis. Ah, acredito na arte como expressão, mas não acredito, de forma alguma, nos artistas. Acredito nas baratas por elas ser inúteis! Sua única função – se é que podemos chamar de função- é causar nojo. Acredito no nojo, pois é algo que sinto com bastante freqüência. Entre o amor e o nojo, fico com o nojo... Mas só para não ser amigo dos existencialistas. Alguém aí se perguntou se eu acredito em política e em igrejas? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA (Infinito e etc).
.....Não vejo motivo para pensar que a psicologia, a psicanálise e a psiquiatria tenham alguma razão. A loucura foi conceituada de várias formas no decorrer dos séculos, o louco de ontem é o seu chefe hoje, seu professor, seu guia espiritual, seu pai... Estamos todos loucos e não faz nenhum sentido defender esta tese: Por isso eu a defendo! Já gostei dos bichos (quando parei de gostar dos humanos), acho que no fundo ainda gosto de um cachorro ou um gato, mas não tenho a capacidade de me apegar a eles. Acredito, no mesmo grau, na gramática quanto em uma cerveja quente no verão. Tenho medo de aranhas (de todos os tamanhos) e nunca fui picado por uma – e tenho certeza que todas estão esperando a chance de me picar para comemorar a vitória de sua espécie-, tento garantir que nunca tenham uma chance de sorrir, no entanto, sei que um dia uma dessas desgraçadas vai me pegar... tomara que eu tenha a chance de pegá-la quando isso acontecer...
..... Rimbaud escreveu que “pregou boas peças à loucura”. Baudelaire afirmava ter acesso a paraísos artificiais com o uso de alucinógenos. Penso que foram métodos formidáveis para sobreviverem em seus contextos, mas hoje pregar peças a loucura ou criar paraísos com alucinógenos não resolvem muita coisa e nem rendem bons versos. Até constato que estão todos gastando muita energia pregando peças a loucura e vivendo em paraísos artificiais. Para onde eu vou? Me pergunto nas noites, como escapo disso tudo que está aí? É o caminho que vou abrindo a golpes de machado.
..... Então meus amigos, é isso que vocês veem no presente blog. Iniciativas de sair! A-RÁ, VOCÊ ESTÁ TENTANDO FUGIR! Alguém poderia dizer agora. Eu responderia com todas as letras: SIM! Fugir é minha meta! Mas vejamos, lembrem-se de vocês na sala de aula, no escritório do trabalho, em uma reunião de família, no sermão do padre que você foi obrigado pela sua família a presenciar, recorde-se da conversa idiota no bar, de um (a) imbecil dando em cima de você em uma festa, de um cara em uma esquina lhe apontando um revólver e pedindo para você esvaziar os bolsos, e me digam se vale a pena lutar contra essas coisas. Alguém aí quer mudar seu mundinho do macro social para o micro social? All right baby, lute por mim! O que eu quero realmente? Ridicularizar isso tudo aí, reduzir a uma pose cômica, piada mal contada, entulho e bobagem! Críticas construtivas? HAHAHAHAHAHA! Por favor, me chamem quando alguém for fazer uma crítica construtiva, eu preciso dar umas boas risadas de vez em quando!
..... Soren Kierkegaard descreveu uma imagem para a filosofia. “Um palhaço no interior de um teatro lotado, percebeu que estava iniciando um incêndio! Apavorado, correu até o palco e gritou para os expectadores: ESTÁ PEGANDO FOGO NO TEATRO, CORRAM, FUJAM! Os expectadores do teatro, pensando se tratar de uma piada: riram! O palhaço, apavorado com a possibilidade de o teatro desabar sobre a cabeça das pessoas, matando todas – inclusive ele-, repetiu: ISSO NÃO É UMA PIADA, É VERDADE, O TEATRO ESTÁ EM CHAMAS! E os expectadores ririam mais ainda. Em algum lugar se ouvia um: Nossa, esse palhaço é bom mesmo, até senti um pouco de medo!” Pois então, meus amigos... Está é a figura deste Blog. Crimes & Ursinhos LMTda, é este palhaço que grita desesperadamente! Se seu conteúdo consiste, precisamente, em todas minhas manobras criativas enquanto olho um teatro em chamas, não significa de forma alguma que sou um magoadinho, que sou “critico”, ou que almejo o lugar que ocupam aqueles que eu crivo com minhas ironias! Este espaço é o espaço da revolta sem revolução, lugar de danças de fogo, chicotes de serpentes e orgias da noite! Aqui eu mantenho a todo custo os versos mais pesados... Acreditem, creio ser bom nisso. Se por vezes sou contraditório é que não acredito em linhas retas. Se me engano, é que só concebo a existência no auto-engano! Se não há nexo, é que não há desejo de nexo (parafraseado Fernando Pessoa).
.....Está semana comemoramos três anos de Crimes & Ursinhos LMTDa. E se há um motivo de comemorarmos é justamente o espaço que a Crimes & Ursinhos (Marchando com os pepinos de fora...) abriu para o que antes não era possível escrever. No tocante contrário, temos outro motivo de triste comemoração. Ele existe, inclusive, por haver muitas “vergonhas” para apontarmos por aí! No mais, se vocês que acompanham o blog já leram alguns textos anteriores, já sabem que me coloquei a árdua tarefa de ESCREVER ATÉ CAIR! O que mudou desde então foi pouca coisa em relação à tarefa! Hoje, minha tarefa (a tarefa que escolhi para mim) consiste em escrever até depois de cair! Portanto, vou escrever até quando não tiver mais forças nem motivos!
.....Quando li Rimbaud pela primeira vez, recordo-me de uma sensação terrível! Era como se estivessem apertando contra meu peito toneladas de rochas – soltassem essa tonelada vagarosamente-, eu fui asfixiando, os ossos das minhas costelas estalavam de forma audível e assustadora! Como alguém viveu tanto por meio das palavras? Eu sentei em um gramado em um sítio e fiquei olhando a água de um riacho, completamente assustado! Eu tinha 17 anos e não tinha feito absolutamente nada que preste até aquele momento! Rimbaud já tinha feito um furação de navalhas e caos até ali... Disse para mim mesmo: Não posso mais viver uma vida sonolenta dessas, preciso dar “o bote surdo da fera”! E desde lá, vocês tem visto o que temos feito (seja com escritos por aí, com este blog, com a Sodoma H.) e mesmo que me encontrem em uma rua, em um lugar qualquer, podem olhar bem fundo nos meus olhos e sentir que não estou aqui para coisas mornas e lisonjear bovinos.

We Want the Word and we Want it… NOW.

r.A.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

...Uma mulher que vivia bem!


.....Então eu conheci, neste fim de semana, uma mulher que vivia bem. Seu método, se condensado em um livro – ou um texto em um blogzinho miserável-, venderia mais do que água. Sabemos que toda mulher bebe água, mas que nem toda mulher vive bem; aí está uma boa propaganda! É sabido também que toda lógica é um truque que faz padecer mais rápido do que o cigarro... Por isso os professores de matemática nunca me pegarão com vida! Mas como eu ia “quase” dizendo, antes de meus pensamentos retóricos se atravessarem na conversa – deixando tudo sem crédito-, conheci uma mulher que vivia bem!
..... Em primeiríssimo lugar, os objetos não satisfazem nossos desejos mais intensos (embora prometam). Os filhos da mãe, dos objetos, tendem a perder seu brilho, mesmo que não percam sua rigidez. Por isso, conheço muitíssimas mulheres que passam o domingo polindo vibradores! Vibradores, objeto não comumente abordado em textos em blogzinhos miseráveis, provavelmente são os objetos que se apresentam com a maior variabilidade de formas. Uns tem formas de carro, outros forma de bíblia, outros ainda forma de coxa de jogador de futebol, mais outros tantos tem forma de discurso, lembrando os vibradores da moda : forma de cifrão! São basicamente os super-gêmeos (essa piada só tem sentido para quem assistia a liga da justiça dos anos 70), gêmeos que assumiam a forma de animal ou líquido em diferentes apresentações (gelo, água, vapor...). Como eu ia “tentando”dizer, este não é o caso dessa interessante mulher que eu conheci. Como ela sabia que o domingo é um dia amaldiçoado em toda a história da humanidade, dia em que acarretam as maiores desilusões – os humanos só sobrevivem na ilusão, à verdade (condição ápice do desiludido) nos sufoca!-, não podia encontrar sentido polindo em uma tarde de domingo. Aproveito esta deixa para confidenciar-lhes dois seguintes: 1- não deixem os professores de história pegar vocês com vida! 2- nunca esqueçam o seguinte nº 1.
.....Eís que essa esperta mulher sabia dos objetos! Foi aí que descobriu uma potente segunda realidade a qual ainda é estranha para nós: Os homens! Todos falamos da humanidade em geral, fazemos campanhas para salvar o mundo e humanizar o homem, porém resvalamos mais nos objetos do que em tobogãs de piscinas de clube (e a bunda se diverte...). A geração atual é a geração vibracal! Esta importante descoberta dos fabricantes de celulares. Há tantos celulares no mundo que carregam a natureza ambígua de não servirem para a comunicação. Alguns dizem que é para ouvir música, outros para ver vídeos pornôs, mas a verdade insuportável e asfixiante consiste no vibracal. O vibracal nos lembra dos vibradores – e por isso gostamos de usar o celular no bolso: as mulheres no bolso dianteiro, os homens no bolso traseiro... e etc.. -, e os vibradores nos lembram do domingo, e por isso somos todos niilistas (redundantes do nada): vivemos em busca do domingo e quando este chega, nos arrastamos para fora dele e saímos semi-mortos (quando saímos...)! – agora devo um galo ao Pcê-. Mas eu falava de uma mulher, portanto sigo, ela descobriu o homem, aliás, descobriu dois!
..... Os homens se ocupam o tempo todo com as mulheres. Precisam ficar bem para elas, ter os vibradores certos para as mulheres certas! Enrijecer os músculos : é um vibrador também! Escovar os dentes, trabalhar para ter dinheiro (roubar é trabalho também, pois dá trabalho ser ladrão – mesmo que na marginalidade : sim, há ladrões que não são marginais!), ir nos lugares certos, na hora certa, com a roupa apropriada e falar a coisa certa (para um homem, falar a coisa certa é decorar sete piadas para fazer uma mulher rir e no mais, calar a boca!), portanto, o homem enaltece o objeto, mas não é o objeto o que ele realmente quer : o objeto é uma isca! Não se pesca dourados com minhoca pequena! Não se abre a porta de um fusca para uma loira do premier! Quando tudo quanto é objeto fracassa, o homem abandona a luta, pois, já matou a charada: a mulher quer sinceridade! Que cobrança perigosa! Se fossemos sinceros não conseguiríamos nem se quer olhar no espelho! Se procurarem a palavra mentira no dicionário da vida, verão a foto de um homem ilustrando a palavra (alguns dicionários - os bons- inclusive, trazem a foto de um homem fazendo sinal de positivo com a mão direita)! Um homem sincero termina como escritor ou guitarrista da banda Sodoma H., portanto, olhar para isso não é nenhum reforço ou convite a ser sincero! –HAHAHAHAHA!-,SER SINCERO É AFIAR OS CASCOS PARA DAR BONS COICES. Já sei que não é assim que se sobrevive nessa (s) cidade (s), é o circuito de lisonjas bovinas que sustentam as amizades e a arte por essas bandas... Como eu ia dizendo, os homens ocupam o tempo todo com as mulheres!
..... As mulheres são mais inteligentes em relação aos homens! Não se ocupam com os homens, se ocupam com os objetos. Um homem para namorar com uma mulher precisa levar 28 foras por noite no tempo estipulado de um mês – nesse espaço de tempo ele adquire um objeto e aí uma mulher aceita ele -. Uma mulher só precisa dizer sim uma vez depois de 28 “nãos”! Existem exceções, mas todos sabemos qual é e no que consiste a regra. Sobre mulheres que procuram homens sinceros, sugiro que procurem na lista de propensos ao suicídio. Provável que atalhem meio cominho. Infelizmente a sinceridade não vibra e nem anda por aí rebaixada com o tampão erguido! Mais certo que esteja na última mesa do bar, sozinha, lendo Rimbaud. As mulheres são mais inteligentes em relação aos homens, mas isso não lhes agrega muita vantagem. Sabendo que os homens são fraudes ambulantes falando de suas iscas, por vezes acabam se fisgando às iscas, e é aí que toda sua inteligência se transforma em tartaruga que caiu de costas! Não preciso descrever mais, não é mesmo? Vocês sabem do que estou falando! Quando vejo mulher saindo de motéis, parece que me recordo de tartarugas voltando para o mar! Mas eu falava dessa tal mulher que vivia bem...
...... Um dia ela me disse em um bar:_ Você continua sozinho pelo que percebo... E eu respondi afirmativamente. Ela disse: _você já sabe que a palavra amor muitas vezes é um clichê? Respondi com outro aceno. Ela : _ Seu problema é que gasta seu tempo desenvolvendo os objetos errados... O que você faz ninguém sabe fazer, é bonito, mas ninguém quer! Aí falei para romper o silêncio: _ O que você pensa ser meu problema consiste no seguinte: Não quero ninguém! E ela me contou que tinha dois homens na sua vida! Nenhum namorado, apenas dois amantes!
.....A diferença de um ser humano para um objeto é que o objeto te obedece (por isso não adianta bater em computadores quando eles travam). Poderiam me dizer que o ser humano é vivo e o objeto não... Mas se olharem com mais atenção em volta, repensariam essa diferença! Essa mulher que conheci, sabia disso e assim optou por dois : nesse sentindo, rompendo com a moral vigente! Só sabemos viver para um, desejando possessivamente um (foi isso que nos socaram na cabeça). Quando há três, não há como haver essa possessão, já estamos em um lugar impossível de cobrar este “ser objeto” do “ser humano”. Se cobrarmos a moral, no sentido que nos foi imposto pela cultura, fracassaremos em uma relação assim. Desta forma o “bem estar” nessa relação não poderia mais se tornar um bem estar na prática moral de um namoro! Assim, essa mulher, ria de mim por eu ser sozinho e dizia: tenho dois homens! Nada mais perigoso e excitante do que isso! E eu dizia: eu tenho a solidão. Ela tem lá seus lados perigosos... De certa forma, eu entendi o que ela disse. Outro ser humano é complexo, há sempre uma possibilidade de ele fazer algo imprevisível , e como o ser humano sempre lhe escapa das mãos como um sabão, talvez o desejo se potencialize e se intensifique... (diferente dos vibradores, que só te dizem que é possível você obtê-los e te dizem que vale a pena) No mais, o que ela dizia era o seguinte: Toda mulher, para viver bem tem que ter dois homens! Eu sorria e concordava: _deve ser mesmo...Cada homem desempenhava um papel insubstituível na vida dessa mulher que vivia bem. Um era um jovem perigoso, metido a grande coisa, escapava-lhe das mãos por correr atrás de outras e ela sentia nisso um fetiche, ou seja, algo que ela não conseguia viver sem... O outro dava-lhe o cordeiro de Deus que o primeiro negava-lhe, e assim, ambos a disputavam e ela disputava ambos sem nunca permitir a eles aproximação. No fim das contas, ela me disse sobre o amor: Amo mesmo é meu cachorro! Esperando meu choque ela recebeu de volta:_eu amo mesmo é “eu” fumando esse cigarro!:_o que a gente não encontra em um, precisa procurar em outro... Ela concluiu e foi aí que vi que ela nunca esteve definitivamente com nenhum dos dois e talvez nenhum dos dois com ela, embora transasse com ambos. Mas ela dizia viver bem assim... eu, no meu canto, imaginei que sim...


r.A.

Nota: A sombra da mão na foto é minha!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A gente nasce, cresce, reproduz e vira jornalista!


.....Olá pessoas! Bem, primeiramente queria falar-lhes de minha ausência – e espero que tenham sentido muito por isso (:D) -, pois eu senti. Gosto de escrever, porém, escrever tem um prazo para mim! Não é bonito o quanto essas coisas trágicas potencializam a gente? Mas não é esse o motivo de não ter escrito nas últimas semanas... Estava muito ocupado com coisas que não são úteis, porém necessárias no momento.- alguém poderia dizer: Como assim? Inútil e necessário? Eu responderia: SIM, igualzinho um prefeito! (Risos). O que faríamos sem um prefeito? Provavelmente as mesmas coisas que temos feito, mas sem um prefeito! O que faríamos sem os jornais? A resposta é a mesma! HAHAHAHA!
.....No mais, hoje, consegui desempenhar a maior parte destas minhas tarefas inúteis e necessárias e por isso estou bem humorado. Portanto, diferente da maioria dos meus textos no blog, este eu vou escrever sorrindo (e ouvindo The doors)!
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.....Hoje, enquanto preparava o almoço, lembrei de uma coisa inútil e necessária! Uma aula que tive na 4º série (no colégio Geni Comel). Uma professora de Estudos Sociais passou no quadro a seguinte frase: O homem nasce, cresce, casa, reproduz, envelhece e morre. Ela pediu para que a turma repetisse essa frase várias vezes (em coro – de alguma forma “mágica”, pouca coisa muda entre a igreja, a escola e a penitenciária). A utilidade deste exercício é duvidosa (de forma alguma penso em desconsiderar as pessoas que gostam desse tipo de coisa – tive uma disciplina de estatística na universidade esse semestre e vocês não acreditariam que lá o pessoal aprende matemática repetindo em coro o que a professora ensina. Todo mundo [ menos o r.A.] : Os dados devem ser organizados em um rol para facilitar a distribuição dos dados PRO-fe-sso-RA! {Nota: Eu sei separar as sílabas, só separei os dois “s” juntos para dar um efeito mais dramático} COISA LINDA ESSE NEGÓCIO DE APREENDER!), como disse, a utilidade desse exercício é duvidosa, mas deve valer para alguma coisa. Por exemplo: Para alguém lembrar isso uns sete anos depois, enquanto faz o almoço, e rir um pouco.
.....Neste exato momento eu estava picando uma abobrinha para cozinhar ela com carne moída (na verdade é mentira, eu não tinha carne moída, aí piquei dois hambúrgueres – Não aconselho que façam isso...). Olhei para a panela (a abóbora esquartejada) e disse para ela: Vê? Você não é um homem! Você não casou! Só nasceu, cresceu, reproduziu, envelheceu e agora eu vou te comer! Eís que talvez o espírito dela estava vagando por cima da panela e me sugeriu o seguinte: Nem todo homem casa! E isso foi o fantasma da abobrinha quem me confidenciou! Retruquei o fantasma: É... Alguma razão você tem... Lembrei que enquanto o coro dizia: O homem nasce, cresce, casa, reproduz, envelhece e morre; eu dizia: O homem nasce, casa e está morto! É óbvio que eu não sabia que tinha razão já tão jovem! Eu fazia isso para encurtar a frase e dar tempo de olhar para os outros que estavam falando e olhando para o quadro. Eu sempre achei engraçado as pessoas repetindo coisas em coro! Estou falando sério! Experimentem fazer isso uma hora dessas... Fiquem olhando as pessoas repetindo alguma coisa em um grande grupo. Parece que “rola” um “lance” de competição. Se você observar com atenção as pessoas batendo palmas para alguém, sempre tem uns que batem com mais força e ficam bravos com os que tem mais força que eles... Sem contar que o cara que puxa as palmas geralmente estufa o peito e se sente feliz consigo mesmo por ter sido o primeiro a puxar as palmas. Ele transpassa os outros com um olhar do tipo: VIRAM? FUI EUZINHO QUE FIZ ISSO, FUI EU, VOCÊS ESTÃO APLAUDINDO AGORA, MAS FUI EUZINHO QUEM COMEÇOU ESSA FOLIA TODA! E os que queriam ter começado com as palmas olham de volta com uma cara do tipo: ... ria enquanto pode... quando você se distrair serei eu a puxar as palmas... quem ri por último ri melhor! E por aí vai.
.....Senti algo assim na última apresentação da Sodoma H. Só não escrevi sobre isso imediatamente pelo fato de outras pessoas sentirem a necessidade de escrever sobre isso – inclusive eu publiquei aqui no blog sem a devida autorização um texto de uma artista plástica que se referia a isso: ela há de me perdoar a traquinagem... espero...). Algo me chamou a atenção nesse último show... A hipótese de um poeta amigo meu é que “os ouvidos vão se desentupindo com o tempo”... O fato é que muita gente saiu de casa para ir no domingo nos ver (e isso, por incrível que pareça, incomodou muita gente – principalmente integrantes de outras bandas). Eles olhavam com raiva para as pessoas que aplaudiam (sinceramente, não me importa muito como as pessoas reagem aos poemas que nós jogamos nelas... Me importa em passar esse poemas da melhor forma possível... etc...), até pensei na hipótese que esses integrantes de outras bandas ficavam com raiva pelo motivo de quererem ser eles a puxar as palmas, mas sabem, há sempre alguém mais atento do lado da gente e acaba sendo mais rápido no gatilho – palma. Ainda sobre a importância: Nos preocupamos tanto dessa vez com nosso recital de poesia que nem se quer nos demos ao trabalho de registrá-lo. Prefiro pensar na hipótese das palmas, pois, por outro lado, teria de pensar que essas pessoas não estavam gostando da “apresentação”. Aí, acho um ato de extrema burrice. Ficar em um lugar onde você não gosta do que está vendo para falar mal depois não é um exercício crítico, é um exercício de masoquista! Eu mesmo já fui masoquista, hoje prefiro perder meu tempo picando abobrinhas... vejam, as abobrinhas tem muito mais a dizer que muitas pessoas nessa cidade! Por último, para finalizar esse desvio de rota no assunto, só gostaria que algumas pessoas deixassem de ser hipócritas e não nos parabenizassem por fazer aquilo que há muito não se faz nessa cidade. Prefiro que falem sobre o meu tênis que está descolado na ponta (e não tenho dinheiro para comprar outro par) antes de ficarem fingindo que gostam do que a Sodoma H. faz ou deixa de fazer. Como escrevi em outro texto e acho que não foi lido (ou recordado) e por isso vou reescrever: Não vão pensar que eu não sei o que vocês realmente pensam de nós! Vocês não são tão bons assim em fingir um sorriso e uma lisonja! Eu sei... Entendem? Eu sei!
.....E aí eis que terminei de cozinhar a tal da abobrinha!Não ficou tão ruim. Me trouxe aquela recordação da aula de estudos sociais e eu fiquei pensando sobre a reprodução enquanto fumava um cigarro após o almoço. Pensei: Quem se doa demais em ficar unicamente reproduzindo já está morto e esqueceu-se de cair! E vai que alguém lembra esses mortos de que já morreram? Eles já tem embutido toda uma filosofice que engendra na patifaria. Se você diz para eles que eles estão apodrecendo em pé, eles ainda acham que você está oprimindo eles! Inclusive disse semana passada para uma amiga que ela estava ridícula fazendo o que estava fazendo e ela achou que eu queria comê-la! HAHAHAHA... Que que é isso? Eu gosto mesmo é de comer abobrinhas!

r.A.- Dando risada que nem jogral!

Obs: Espero ter matado a saudade dos que me gostam com essas palavras todas... Viu guria que me cobrou um texto na sala de aula? Eu escrevi outro! :D

NOTA DE RODA-PÉ-NO OUVIDO: Para as pessoas que fizeram todo um estardalhaço em relação ao fato do Paul McCartney estar em Porto Alegre... Por favor, me poupem desse assunto! Não vejo nada que valha a pena nisso... É um noninho milionário com um violão que vale mais do que o dinheiro que vocês conseguiram reunir em toda uma vida, porém, é preciso fazer muita força para encontrar alguma coisa de poesia nas músicas dele – “quem sabe inventar” que lá tem alguma coisa de poesia-(E ISSO PROVA QUE UM EQUIPAMENTO BOM NÃO É TUDO!). John Lennon disse: Paul só fez yesterday, o resto é fiasqueira! E eu quase concordo: Acho Yesterday chata e BICHENTA! Para a geração Beat aposentada que cuida dos netos e fuma maconha escondida, acho que é bem didático torrar uns 400r$ para ter alguma coisa para falar até o fim do ano... Para a juventude que baba ovo dos livros beat, por favor, comprem uma garrafa de gim e vão para o outro lado do bar que eu tenho alergia de pseudo-saudosistas (pois, a única referência que eles têm dos beats é os livros que os beats escreveram para não passar fome... ou para afastar a ideia de fome...).

sábado, 13 de novembro de 2010

Nós sempre faremos isso...

(Texto da artista plástica Monique Cescon).


.....Por vários momentos nessas ultimas semanas estive me questionando e com isso questionando a que público devesse se colocar a arte contemporânea. Mesmo estando convencida que estão claros meus questionamentos a cerca da arte contemporânea, vejo que alguns de meus amigos imaginam que já devesse ter-me esclarecido sobre tais assuntos, porém, permito-me um pouco mais de suor e lágrimas no que diz respeito á minha arte. É mais sabido que, mesmo por diversas relações e definições que se tem da palavra “público”, todos somos membros de um.
.....Os artistas que vieram de toda a geração de Botticelli não ousariam negar a perspectiva ou toda a anatomia do sec. XV, mas, quando Matisse rompe com a pintura do sec. XX que até então se definia acadêmica, técnica e bela e a torna expressiva e gestual é criticado por grandes pintores da época que sabiam utilizar de critérios teóricos e formas numa analise estética visual na arte. Picasso rompe com Matisse e o modernismo, para expressar mais ainda a arte em formas e temas não questionados e utilizados pelos padrões da época. Não foi simplesmente para se divertirem que fizeram suas respectivas críticas, isto é evidente! Quando Matisse apresenta sua tela (Alegria de Viver. 1906) recebe a seguinte crítica do pintor Paul Signac:

“ Matisse parece ter se perdido. Numa tela de dois metros
E meio, ele contornou alguns estranhos personagens com
Uma linha da espessura de um polegar. Em seguida
Cobriu tudo com uma cor plana, definida, que embora
Pura pareceu de muito mau gosto. Lembra as fachadas
Multicoloridas das lojas de tintas, vernizes e produtos
Domésticos.” ( STEINBERG, Leo. 1972. P.22)


.....Anos depois quando Picasso apresenta (Les Demoiselles d’Avignon) é julgado como falso e contraditório pelo mesmo Matisse que também rompeu um dia com padrões estabelecidos na arte. Percebe-se que os artistas rejeitados por museus, salões, e criticados por sua arte, ouviam e eram submetidos a críticas, por pintores, poetas e artistas da mesma época e na maioria das vezes artistas acadêmicos. É como se quisessem que você fosse a uma formatura de direito, usando calça jeans e camiseta do Ramones sem ser tomado com impertinente. Nota-se que o rompimento perturba em excesso.
.....Quando Baudelaire critica o pintor Courbet e fala sobre a “retratação das faculdades espirituais”, que se impõe sobre si mesmo para atingir um ideal sereno e clássico, e que assim toda a imaginação e movimento são banidos de uma obra, é visto como insensível e inferior a Courbet. Mas Baudelaire, literato, seria insensível aos valores visuais?
.....A crítica que ele reporta a Courbet mostra que tendo seus próprios ideais, ele não estava disposto a sacrificar coisas que o pintor havia posto de lado. Courbet, como qualquer bom artista, também seguia seus próprios objetivos, os valores que descartava (a “beleza ideal” e a fantasia) para ele há muito se perdeu, no entanto, sua virtude positiva, não constituía uma perda. Mas eram sentidos como perda para Baudelaire, que consistia na fantasia e a beleza ideal não exaurida.
.....Sobre isso, penso, e não penso sozinha, que uma pessoa (público), diante de uma obra de arte contemporânea, não pode ser vista como alguém que não entendeu a obra (ouvimos isso sempre). Pode simplesmente, significar que, tendo uma forte ligação com certos valores, essa pessoa não pode servir a um culto não familiar no qual esses mesmos valores são ridicularizados. E a arte contemporânea é um convite a aplaudirmos a destruição de valores que ainda pregamos, não é para ser CLARA. Ou me engano? Talvez não seja isso que esta acontecendo... A “arte contemporânea” esta sendo embelezada, VALORIZADA, Rafaelizada. É possível ouvir anjos quando se comenta certos trabalhos hoje.
.....Percebi essas coisas no ultimo final de semana (sim depois de tanto me permitir dar socos em mim mesma), recebi um convite para uma apresentação musical de uma dupla de músicos trágicos e poetas excelentes desta cidade. Como toda a boa arte, cerveja e composições musicais próprias, lá fui com meu corpo. Inevitável é não observar outros corpos.
.....Em certos momentos senti que houvesse pessoas daquela festinha de direito, que falei anteriormente, me observando... Convide alguém para jantar e sirva-lhe algo como estopa ou parafina e vão entender o que estou falando! O que vi, até onde pude ver (depois disso algo foi maior) foram pessoas, sangue, indefinições tentando encontrar alguma explicação para aquela “magia” que tomava conta de seus seres, das suas peles e das suas “almas”. Mas também, como era a hora e não pude fechar meus dedos, vi mais coisas. Pessoas irritadas com amigos que estavam gostando de tudo aquilo que não consigo definir, apreensivos com a ideia de que pudessem gostar de fato do que estavam ouvindo. Furiosos consigo mesmos por terem sido desmascarados por toda aquela situação. A música agia e os deprimia. Mas toda aquela situação era motivo para ficarem tão deprimidos? Se não gostaram daquilo porque não iam embora, não ignoravam? O que realmente os deprimia era sentirem aquela música e o que aquela música podia causar a toda a arte.

.....E tudo isso, que me questiono, também me responde... A que público serve a arte?
--- Ao público.
.....Porque não dá pra ter uma experiência como tive e voltar ao trabalho na segunda feira como se nada aconteceu. Me cansa o público que diz estar em outro nível, pressupondo, assim, estar acima de ser "público" e analisa formalmente, e critica a todo tempo as formas de arte pela “qualidade”, “avanço”, “medindo” a arte numa escala comparativa, dizendo a um artista aquilo que não deve fazer e ao publico o que não deve ser. TODOS SÃO PÚBLICOS!
......Uma obra pode ser indiferente a crítica, agora a crítica... É como alguém que tem esperanças em ir à praia e infelizmente, o tempo indiferente, faz chover. Na noite desta apresentação musical, pode-se ouvir palavras como “eu não gostei” ou “eu gostei” proferidas tanto para a musica como para a bebida que ali se encontrava. Ora, o gosto em arte não pode ser uma entrega a qualquer estímulo interessante.
.....De toda essa forte experiência estética que pude fazer parte, juntando com todas as questões que me atormentavam por mais “simples” que se imaginam, certamente posso afirmar que as coisas estão acontecendo! E, pode ser mais rápido do que possuímos!
.....As semanas que me passaram com indecisão, decidiram para mim, em um momento enquanto eu me colocava como público. Presenciei a arte, inevitável negá-la. Você pode fechar seus olhos, seus ouvidos, seu corpo inteiro e ela ainda assim estará por perto. Deixo uma autocrítica do escultor Jean Tinguely (1962):

“ Não é um gesto de trabalho
Não é um gesto de esporte.
Não é um gesto de amor.
Ce n’est pás dans La vie”.
( não está na vida)










Monique C