quinta-feira, 25 de março de 2010

...Uma palavrinha sobre a arte chapecoense

>>>>Vejo apontar em todos os cantos mais comuns uma necessidade de fundamentar palavras já lançadas aos ventos. Será que os músicos, poetas e artistas (que no fundo querem ser todos artistas...) dessa cidade desejam tanto assim nos privar de nossas próprias interpretações? Subjugam-nos!
>>>>Se há uma peça em cartaz, colocam um prólogo na entrada – folheto miserável de teatro. Se lançam uma música, precisam escrever um texto buscando palavras mais complexas para explicar o mais corriqueiro verso – é para ostentar que não é qualquer coisa... O medo cego de que seja qualquer coisa move montanhas e digita madrugadas a fio. Se organizam uma exposição de arte plástica, lá esta uma quinquilharia de palavras atoradas ao meio (ex: Organiz- Ação, Ar- te, Vibra-Dor, Chupa-Cabra, Prê- Texto, Enche-o-Saco... E por ai vai) para reexplicar o que não conseguem explicar e pasmem: Fazem isso, como um grito desesperado de seus egos, para afirmar que você não irá entender!
>>>>Como podem ver, não é a toa que as pessoas preferem o Faustão, O big brother e os jogos da chapecoense (que quanto mais perde, mais dinheiro arrecada), sem falar no bobódromo (também vale dizer avenida) e as duplas desafinadas de sertanejo acompanhadas por Djs, ou melhor, carinhas que colocam um disco para tocar com luzinhas de pisca pisca.
>>>>Se você ainda se diverte com isso tudo, não se preocupe, o embrutecimento esta na moda e a tendência é entusiasmar-se com tudo: Pouca tolice é besteira! – Sempre dá para descer mais Bah-i-Show!
>>>>Se você cansou disso tudo, tome um copo de vinho e sorria –Pelo menos você esta fora disso – Já é uma grande vitória!

r.A.
(cada louco com as suas manias de lucidez)

quinta-feira, 18 de março de 2010

A conquista da invisibilidade

-Por- r.A.

Sempre que fora possível um erro terrível eu estava lá! Onde todos venceram eu perdi, onde todos eram belos e fortes eu era o oposto, mais um oposto extremado. Algo quase digno de ser aplaudido, já que ninguém podia ser pior do que eu. Sangrando sem causas – oh, quem me dera ter sido um mártir da igreja católica, mas não acredito em igrejas e muito menos no que elas pregam-, chorando por uma humanidade que nunca soube de minha existência e não apresenta ânsias de saber algum dia... Sou o herói torto de uma geração invisível, o coração de frango em um pote de margarina, um espírito em conserva no fundo bolorento da geladeira de uma avó morta. Descanso na cárie daquele dente de leite que você colocou embaixo do travesseiro para a fada do dente, mas sua mãe jogou no lixo quando fazia faxina. No entanto, lembre-se, isso não é nada triste! Aqui senta em meu colo a felicidade de um cão que lambe o focinho sujo de terra.

Como cheguei onde estou?

1- Faço parte da humanidade...
2- A humanidade deixou o cérebro em um canto da cabeça, em desuso...
3- Um silencioso acidente me serrou ao meio...
4- Meu coração caiu na vala e,de esgoto em esgoto, afundou no mar...
4.1- Um peixe barriga o engoliu...
4.2- Um pelicano capturou o peixe barriga...
4.3- O pelicano foi atingido por um raio que o fulminou...
5- Embora pareça contraditório, eu não sei dessa história: você sim!

...Completamente intoxicado por cervejas e cigarros contínuos, no fundo de um bar de marinheiros sem capitães, iluminado por uma única lâmpada em um canto do teto, 80 watts, brincando com seu último níquel entre os dedos, tentando lembrar-se de algum erro que o trouxe até aqui – e não reconhecendo nenhum -, jogando a culpa nas costas dos outros (todo o sistema solar são os outros), com os pés sob as botas recém tiradas, no intuito de resfriar os calos que alegremente latejam, caiu em uma rachadura da história toda e se foi...

_Mas que raio fazem essas botas puídas embaixo dessa mesa?
_Ora, não seja impertinente! Deixe as botas fazerem o que bem entendem! Alguma bota já te importunou por estar em um bar?
_Você esta certo...
_Claro que sim!

terça-feira, 9 de março de 2010

A filosofia lhe disperta com tapas na mente!

Ser intempestivo, impertinente, revoltado – não revolucionário- parece-me as características de inquietação que me direcionaram para a filosofia. Um jovem entre os velhos sábios que continuam jovens! Comecei por uma implicação “tola” e que ainda perdura em mim... Uma noite, fechado no quarto, olhei para minha mão e fiquei buscando razões para esse momento. Como funcionam os mecanismos de conhecimento dos humanos, porque fazem isso – tentar encontrar sentido para o que é ser humano-, como nascem as explicações poéticas, religiosas, científicas, artísticas, literárias, filosóficas para nossa existência. Tudo me compelia a não seguir esse caminho! Questões de solidão me atormentavam (com quem irei conversar depois que dessas coisas souber, já que geralmente as pessoas se satisfazem com as respostas mais obvias e mais facilmente compreendidas sentindo-se importunadas quando cobrada delas uma compreensão um pouco mais aprofundada?), no entanto, como já me sentia só a maior parte do tempo, aceitei esse caminho. Tinha a meu favor a solidão, a incompreensão dos que cotidianamente me cercavam e por fim, tornou-se a filosofia um hábito sem ser fuga.
Primeiro ficou mais difícil me comunicar justamente porque estava cada vez mais sendo mais claro e objetivo. As pessoas em geral não são acostumadas com isso, elas julgam como arrogância, acham descortês pensar demasiado. Se você argumenta elas se sentem ameaçadas, se você diz algo que as fazem repensar suas posições levam para o lado pessoal – tomam como um convite para uma troca de disparates! Hoje sei lhe dar com isso, um pouco de humor nunca me falta!
Então eu estava lá com meus dezenove para vinte anos, cansado das reuniões de família onde se apresentava semanalmente o relatório do cotidiano sem ao menos resignificar o que isso vinha a propor enquanto aprendizado para a vida. Encostava-me em uma cadeira qualquer e os via afundados em sintomas, em bílis, em remorsos por coisas tão pequenas e objetivamente resolúveis... Era como olhar para um programa de t.v. reprisado pela vigésima vez onde tudo se repetia, os erros e acertos. Os amigos foram mofando e estragaram, novos amigos foram aparecendo e alguns mofando e estragando também – mas os que ficaram preencheram os espaços deixados. A solidão e o silêncio das noites começaram a reluzir como ouro, enfim, depois de vinte anos eu aprendera a conquistar a minha solidão. Finalmente não era mais falta de aceitação de minhas estranhezas, era uma opção (ainda é)!
Eu aprendi a saudar a escuridão (minha cor favorita é o preto...) e a luz das primeiras horas do dia, saborear o silêncio, dar boas vindas a boas ideias , Companhia amiga é FESTA! Me satisfiz com pouco, não precisei nem me matar em uma academia para entrar em uma calça da moda, nem ser fotografado onde todos estavam; aliás, eu sumi! Morri para um mundo desses e flutuei na poesia, na literatura, na música que valia a pena, nas marcas de sangue dos melhores de nós, os que realmente se implicaram! No começo me aborrecia pelas pessoas que mendigam os olhares alheios ao mesmo tempo que não os aceitam e fogem deles, hoje raramente isso me assombra. O melhor de tudo, nunca fiz novena em igreja e nem bajulei o poder político! Os amigos que tenho me libertam das prisões sem grades e eu retribuo na mesma moeda com a satisfação em si mesma (e isso me faz sentir que meu poder aumenta). Colho e lavo minhas lentilhas sem atribuir o significado disso a um ente superior (de voz flatulenta). Superior a mim mesmo sou eu me superando!
Hoje estou no último ano do curso de filosofia, pensei: O que isso significa para mim? O diploma apenas uma burocracia (necessária) que abre algumas portas. Ter me tornado um filósofo? Ser o senhor de meu destino! É revigorante saber que estou vivo para morrer e não morto para a vida!
Ainda olho para minha mão quando sento no quarto (que agora também é uma biblioteca), sempre há algo novo ali além da carne... Isso é uma felicidade que mal cabe em mim!
r.A.

quinta-feira, 4 de março de 2010

;)

“Tal é o verdadeiro sentido das candidaturas operárias nos parlamentos dos estados existentes, e a conquista do poder político pela classe operária. Mesmo visto do ponto de vista do proletariado das cidades em proveito exclusivo do qual se quer controlar o poder político, não esta claro que a natureza popular desse poder nunca será outra coisa se não uma ficção? Será, evidentemente impossível que algumas centenas ou mesmo algumas dezenas de milhares, melhor dizendo algumas milhares de homens somente, possam efetivamente exercer esse poder. Eles deverão exercê-lo por procuração, quer dizer, confiá-lo a um grupo de homens eleitos por eles mesmos para representá-los e governá-los, o que os fará recair sem falta em todas as mentiras e em todas as servidões do regime representativo ou burguês. Depois de um curto momento de liberdade ou de orgia revolucionária, cidadãos de um novo Estado despertarão escravos, joguetes e vítimas de novos ambiciosos.”

Bakunin, Escritos contra Marx.