terça-feira, 17 de novembro de 2009

Precisa-se de 01 moça para trabalhar em pet shop sem experiência!

Todas as noites, quase sufocado por tudo que há no mundo, eu saio de meu corpo e vago em espírito por sobre uma cidade tão medíocre como todas as cidades da terra. Problema da cidade? Uma cidade fantasma seria mais interessante do que esta! Problema são as marcas e os cheiros dos pensamentos das pessoas ecoando em cada fragmento do que me cerca. Um pedaço de minha alma se enrosca na torre do edifício mais alto e mais antigo e meus olhos, como se fossem microscópios focam cada molécula que se movimenta nas ruas. É um mar de carnes inúteis e em putrefação. As moscas e os vermes fazem festa e por um momento gostaria de faturar em cima do pior... Mas sou apenas alma e almas não são vistas nem tocáveis. Ser um espírito é uma grande maldição. É uma pena não poder colar um revólver no céu da boca e apertar o gatilho. Reza a lenda que a primeira arma a ser inventada não foi para a guerra, foi para o suicídio, mas o suicida inventor logo percebeu que como poderia se matar poderia levar mais alguns consigo... Ponderou... Com medo de acabar por encontrar todas essas desgraçadas pessoas no inferno, guardou a arma em uma gaveta e com uma pena e um pergaminho iniciou uma nova seita. A seita de um homem só onde seu destino e sua morte condizia apenas a ele... Se obteve sucesso, não se sabe, mas as armas são um invento interessante para os suicidas até hoje. Rimbaud sabia disso e embora muitas pessoas no mundo admirasse sua poesia, o que é mais maravilhoso em sua vida é o comercio de armas. A poesia foi seu passa tempo, coisa que se tinha naquela época remota para os jovens já que o videogame ainda não existia. Oficio para a vida mesmo, aquilo pelo qual ofereceu seus esforços mais desesperadamente sentindo-se vivo foi o tráfico de armas. Todos sabem disso, mas preferem a poesia que ele rejeitou. É que o mundo é dos bananas mesmo! Um dia o homem vai sumir da face da terra e a banana e as baratas vão perdurar! Alguma coisa me toca e meu espírito volta para o corpo. Finjo que durmo por precaução. Eu gostaria muito, muito mesmo de ter uma arma... Pena que Rimbaud não pode mais atender as encomendas...
r.A.

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