quinta-feira, 31 de maio de 2012

O inteligentão!

......A galera da academia não aprende mesmo! E estou me referindo as universidades. Esses dias vi uma coisa que me fez rir tanto que tive de olhar mais uma vez para ter certeza que não era delírio meu. Um metido a intelectual discutindo conceitos no facebook - até aí, tudo bem. Mas ele estava ensinando como é que se usa o facebook à partir de teses que estudou em muitos livros de história e em Nietzsche, inclusive. Ele estava vomitando academicismo em uma conversa que nem se quer foi chamado! Hoje em dia você está em constante risco de, caso usar o facebook para se comunicar com seus amigos ser abordado por alguém com toda uma pompa de "fodão do conhecimento".
...... Já imaginou você escrever no facebook de amigos: "Pessoal, depois da aula vamos tomar uma cerveja, ok?" e de repente surge - como que surgindo de um podium em meio a uma curtina de fumaças- um inteligentão e escreve um texto embaixo do seu convite: "Ei pessoal, não é por aí. De acordo com minhas pesquisas historiográficas e minhas expecializações super fodásticas que vocês nunca poderão chegar aos pés, a cerveja surgiu em tordo de 4.000 anos a.C. e se você tomar ela depois da aula assim, vai estar caindo em uma modinha da mídia contemporânea que utiliza de mecanismos psicanalíticos que foram baseados em Nietzsche e bláblábá, e veja bem o contexto...", já pensou isso? Pelo visto os conhecimentos nas universidades estão gerando babacas autamente convencidos que não encontram mais limites para vomitar suas teses. Vendo isso e em meio aos risos, fiquei pensando: putz, onde será que isso vai parar? No manicômio, talvez?
......Notadamente o pessoal que estava envolvido no comentário do facebook, um pouco constrangido pela intervenção ridícula do inteligentão prosseguiu sua conversa ignorando a criatura, que daí, notando que fora ignorado, começou a falar com um dos envolvidos para que assim surgisse a impressão de que ele não estava tão intrometido assim. O que tornou a situação mais ilária!
......Assim o sentido deste post no blog é muito simples: pessoal, deem um diploma para esse louco! Anexado no post tem uma foto sugestiva! E quem está na academia e pensa em fazer isso... faça! POR FAVOR FAÇA! Que hoje em dia anda difícil dar boas risadas. Eu, por exemplo, estou rindo até agora. Que ponto chega os intelectualóides... MAS POXA VIDA! hehehehe.

r.A. - tendo que presenciar cada coisa...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Eu não gosto de futebol!


......Pois é, eu não gosto de futebol. Acontece que não gosto de nenhum tipo de jogo. Sério. Tenho uma impressão estranhíssima em relação a todas as coisas que você dedique atenção por muito tempo. Acho idiota. Na verdade, meus nobres cidadãos da pátria, eu acho quase tudo idiota! E o futebol não escapa desse “quase”. É por isso que sempre precisei me esforçar o dobro do que qualquer pessoa comum – das que estavam próximas de mim, pelo menos – para fazer qualquer coisa. Rapidamente eu acho uma coisa idiota e aí começo a perder o sentido para fazer essa tal coisa. Para olhar para essa tal coisa. É.

......Mas vou me concentrar no futebol. Em primeiro lugar, eu acho que algumas pessoas ficam empolgadas com o futebol pelo dinheiro que está envolvido. Qual o motivo de pensar isso? Porque por vezes ouço alguém falando de futebol e aparece um “você viu quantos milhões o ‘Ciclano’ ganha?” (para não citar nomes é claro) - a propósito, eu acho o Neymar uma das coisas mais idiotas que já vi na vida! Raramente assisto t.v. Só quando estou almoçando ou tomando café em alguma lanchonete ou restaurante (a t.v. na minha casa só serve para assistir filme E PONTO FINAL). Às vezes aparece o Neymar na t.v. com uma cara de “piazão cagado”. Eu não posso evitar que ele apareça na t.v. e isso me irrita! BASTANTE. Então a única maneira de me acalmar é pensar que um dia ele vai morrer se contorcendo como uma minhoca no asfalto quente. Ou pensar que ele é tão idiota que foi enganado por uma adolescente de 17 anos (que engravidou dele- ela também é uma idiota, eu acho ela ridícula por ter feito isso...). Imagino o Neymar entrando em um carro e alguém jogando uma granada de mão pela janela. Ok, eu imagino coisas piores, mas não vou escrever aqui... EMPALADO NUM PALANQUE CHEIO DE FERPA, o Neymar – no caso. Voltando ao assunto, eu sempre ouço algumas pessoas falarem com admiração sobre o dinheiro envolvido no futebol. Falam como se isso fosse critério para gostar de futebol, para endeusar o futebol. Beleza, nada contra. Mas eu acho que se no futuro ser viado render um contrato de milhões, ser viado vai se tornar uma paixão nacional! Vai ter pessoas sentadas nos bares com camisetas escrito “Nataxa - 9”, ou “Robertona- 11” e comentando “você viu que contrataram o ‘Pedrinho Rosca Brava’ para o Real Madri?” Ou “Você viu o drible de piroca que o Gaynilson deu no último jogo? Quase que a piroca do Pedrão escapa do rabo dele”. De repente dois grandalhões se levantam e um grita para o outro: “TÁ TIRANDO MANO? EU USO BEM MAIS BATOM QUE TÚ CUMPADI! VEM COMER MEU CU AQUI PRÁ TU VER SE NÃO TE ARREBENTO!”. E aí o pau vai correr (ou comer) solto! Capa do jornal: “Torcedores do ‘Rogeriona’ tentam fugir da polícia após briga em bar, mas não foram muito longe. Estavam de salto alto”. Nesse mundo, minha gente, não podemos duvidar de nada!!!

......Continuando... Imagino que algumas pessoas se divirtam na tal da torcida, fazendo figa até os dedos das mãos ficarem roxos, rezando para tudo que é santo para seu time ficar campeão. Sem dúvidas acho que isso tem um efeito terapêutico. Dá um espaço para a catarse, para expulsar as tensões, etc e tal. Mas tenho quase certeza que, quando se trata de times grandes – assim como de política-, muitas partidas já estão acertadas. Que o dinheiro já comprou o resultado. E o pobre torcedor delira achando que seus gritos agoniados surtiram algum efeito lá no campo. Se eu fosse torcedor ficaria maluco com isso!- Para evitar ficar maluco com isso, não torço para nenhum time.

......Das poucas vezes que assisti uma partida de futebol me recordo de pensar em várias maneiras de tornar o jogo mais interessante para mim. Uma delas seria instalar minas terrestres no campo! Pense o Galvão Boeno narrando: “lá vai o Robinho com a bola, dribla um, dois, é agora, é agora, É AGORA, É... BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM!... não deu. Olha ali o Robinho... se esvaindo em sangue... É BRASIL”. Também pensei que os jogadores, talvez, pudessem jogar com uma corda na cintura. Na corda haveriam granadas penduradas. Os outros jogadores poderiam puxar os pinos dessas granadas. Também ficaria interessante. Outra de minhas dicas para tornar o jogo mais atrativo consistia resumidamente na inclusão de seis tigres esfomeados no campo. Sei lá, talvez os jogadores iriam se sentir mais motivados para correr. Mas pensando em mudanças não tão drásticas assim no jogo e que aumentaria bastante meu interesse pelo futebol residiria em um novo regulamento: A partir do próximo jogo será permitido o uso de facões pelos jogadores! E uma pistola de 15 tiros para o juiz. Ora, do interior de Santa Catarina – de onde vim-, essas regras já haviam sido adotadas. O melhor jogador do campeonato no interior era Jorginho da erva mate, acompanhado de perto no saldo de gols por Zé do engenho de açúcar. Geralmente eles erravam o pé da bola e acertavam cupinzeiros, aqueles de torrão de terra. Deixavam o campo lisinho! Em um dos campeonatos mais disputados, Zé do engenho se preparou para chutar uma bicuda na bola, fechou os olhos e uma cabra atravessou o campo correndo. Nunca mais acharam a cabra. Voou por cima de umas árvores de eucalipto que cercavam o campo. O juiz premiado era o Carlão Zarolho da Guaiaca Estufada – que também havia ganhado dois “porco” na bocha e um novilho na sinuca, isso durante uma partida que estava apitando! Seu ditado popular favorito era “em qualquer terra, quem tem um olho é rei”. Outra de minhas melhorias para o esporte era a inclusão de ratoeiras, seringas usadas e ripas com prego no chão do octógono do UFC. É importante que a gente pense em todas essas coisas...

...... Para finalizar esse texto – crônica é o caralho! crônica é coisa de escritor fracassado!-, creio que o fator mais decisivo para mim não gostar de futebol e acredito que vocês iram achar uma loucura o que vou lhes dizer, uma coisa sem fundamento, mas, quando olho para uma partida de futebol tenho a estranha impressão que são apenas vinte e dois bostas chutando uma bexiga de ar. Maluco isso, né? Não sei da onde tirei essa... hahaha.





r.A.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A sociedade é um inferno de salvadores!- Cioran

......Não há nada mais terrível do que a solidão forçada! É um empurrão surpresa para o descartável. O horror consiste no fato de precisar aceitar que a festa continua apesar de nós. Tal experiência é como o ferimento que Frodo recebe de uma espada morta, golpe desferido por um espectro (na obra O senhor dos Anéis – J.R.R. Tolkien). Este ferimento volta a doer exatamente como no exato momento em que foi feita a chaga, no aniversário do acontecimento. É como uma pedra de gelo eterno fixado na passagem da matéria para a sensação. Aqui jaz uma lembrança inesquecível da morte em vida. Mas esta situação é contornável, dado que, resta-nos um ano todo para significar a tal experiência.

......Não há nada mais trabalhoso do que a conquista da solidão! É uma esquiva feroz no momento do abatimento. É preciso um intelecto dissecador da condição social intrínseca a qual tudo nos coage. Porém, aprender a dissecar é um entendimento que foge do controle e por isso Cioran (filósofo [?] romeno) avisou que uma desilusão contamina todas as outras ilusões como se fosse um vírus intratável. O trabalho da conquista da solidão anda de beijos e carícias com a constatação de que toda crença é absurda!

......A linha entre a solidão forçada e a solidão conquistada parece ser riscada por todos os tipos de doenças. Toda degeneração fisiológica, experiência vivida e intensificada pela dor, é rapidamente encarada como fatalismo – não esquecendo do vício, claro. Aí a palavra “fracasso” esvazia-se de toda conotação negativa ou positiva; passa a ser apenas um “então era isso...”. Por isso Sade acreditava nos preparar para a dor pela técnica da antecipação – “dor, humilhação? Eu já sabia”. - ou não! E quem vai aprender a gozar com isso?

......A ilusão da cultura é amenizar nossa experiência da solidão pela repetição coletiva. Todo consenso de comunicação tinha por intensão revelar nossa singularidade e não um desejo de sincronia. Todo acordo é selado pelo tédio. Hoje pagamos muito caro por tantos selos em cartas extraviadas, sem destinatário.

......Dos dois tipos de solidão, do abatimento fisiológico e da ilusão da cultura (de uma concepção de cultura, melhor dito), passo para a política. Um cara diz apontando para mim – na avenida paulista-: “se não protesta com a gente, é um resignado”. Respondo: “se protesto com vocês, também. Seus líderes são plataformas de campanha. Ou você é tão ingênuo assim?”. O sujeito ficou parado no meio da multidão pensando nas coisas que falei. E eu tomei o meu rumo (também pensando nas coisas que ele me disse). Cá entre nós, leitores, eu não recebo lição de política de gente que saí para a rua para escapar do tédio e da solidão- eles que primeiro se resolvam. Só aprecio pessoas que possuem bons motivos para poluir o silêncio. É mais fácil derrubar um governo do que mendigar um peixe para o almoço- então alguém está protestando pelos motivos errados...

r.A.

obs: e se você se vangloria de combater a corrupção, que tal começar pregando com o exemplo? E se você separa as pessoas entre os "favoráveis" e os "contras" dos seus ideais, você não está ficando fanático?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Gato por lebre; gato e sapato




 
......Entrei num bar de motoqueiros que também era frequentado por carregadores de móveis. Na entrada a carcaça da cabeça de um touro. Terminei minha terceira cerveja e uma dose de Nesquick – um homem tem de manter sua azia sob controle, poxa!- e tudo ainda estava calmo como no refeitório do pavilhão psiquiátrico da colônia Santana. Estava lá, escorado num balcão sujo com outros cretinos. Daí um negro filho da puta acertou uma garrafada no pescoço de um italiano pançudo. O motivo: alguma coisa sobre piadinhas racistas, pelo que ouvi falar. O italiano gordo e careca, com uma tatuagem de nossa senhora de Aparecida no muque, se ergueu do chão agarrando a quina do balcão. Um motoqueiro do meu lado, parecendo um daqueles caras do Z.Z. Top, resmungou “parem com essa merda ai seus veados da porra!” e a paz voltou a reinar, mas dessa vez parecendo com o banheiro do Dalai Lama. Tanto faz.

         _Me diga um sinônimo da palavra absurdo, r.A? – me perguntou Angelito bigodudo, o barman que quando não estava no bar trabalhava no açougue. Estava fazendo palavras cruzadas com um toquinho de lápis.

         _ A virgem Maria grávida, Angelito...

         _não coube...

         _Por isso precisaram de uma pomba!- Sorri. Metade do bar riu. A outra metade não fez catequese, pensei.

......Lá fora o sol deu no pé. Ali dentro continuamos fumando e bebendo e ouvindo aquelas músicas de motoqueiro durão, mas na verdade viado. Parecia o melhor lugar para se estar e todos nós sentíamos isso. Nada pessoal; tudo impessoal. O bar era uma sala comercial alugada em uma zona de prostíbulos e tráficos de São Paulo. Zona leste- Mooca. Quanto a mim, morava do outro lado, no lado nobre. Mas é claro que nunca deixaria que eles ficassem sabendo disso! Levaria uma surra, certamente. Minha sorte residia no fato de que tudo que não presta vai com o meu fucinho. Mantinha-se um silêncio sagrado no ar. Fora o barulho das bolas de sinuca, mas quem jogava não falava. Rolava grana por ali. Eu dizia para todos que ganhará vários torneios de bilhar e por isso era uma covardia jogar com eles: “aí vocês vão ficar mendigando cerveja para mim e terei que surrar vocês, como não passam de uns travestis, irão adorar! Mas se apostarem a mãe...”. Depois da vigésima vez que repeti isso, perdeu a graça. Por saberem que era uma mentira descarada, não me convidavam mais.

         _Que é essa coisa rosa que tu mistura com cerveja?- Falou o Z.Z. Top.

         _Coração de tubarão exprimido!- respondi.

         _Bicha!

         _Só se o tubarão fosse da tua laia!

         _Você é boca grande cara, queria ver se é bom de braço...

         _Isso só tuas netinhas vão poder saber, vovô!

......Nos encaramos sérios por um momento. Depois não aguentamos e caímos na gargalhada. Cruz era como chamavam o Z.Z. Top. Tão mentiroso e falastrão quanto eu, quanto todos ali. Os verdadeiros marginais estavam lá fora. Se matando por uma pedra de crack. Eles não chegavam perto do bar porque vivíamos fantasiados de bandidos. Mas no fundo erámos uns otários. Nossas brigas eram brigas de cinema. Quando um sangrava o outro se borrava nas calças. Até o dia em que Jorge apareceu armado. Jorge era um eletricista que se hospedará em uma pensão ali perto. Uma pensão cheia de japoneses sovinas e bolivianos tocadores de violão. Os japoneses, se você surra um deles, eles trazem a família. Daí você surra a família toda. Parece que gostam! Depois eles somem. Para os bolivianos você oferece um trago – se houver algum desentendimento. Eles bebem com você e no final da noite te abraçam e dizem que você é o melhor amigo deles... e que se alguém mexer com você eles matarão essa pessoa! É por isso que são bons escritores e bons tocadores de violão. Mas olha só.

......Jorge não era alto. Um pouco barrigudo da bebida. Era polaco. Gostava de amarelo e vermelho – como o corpo de bombeiros. Uma noite nós brigamos porque eu disse que os polacos gostavam de beijar o cu dos patos! Mas não passou de um bate-boca, aqueles que eu provoco sempre que estou entediado – correção: estou sempre entediado. Depois, resolvido nosso problema, até Jorge dizia para outros “sou polaco, gosto do cu do pato”. Foi aí que começou uma discussão – daquelas que você só conhece se sair de casa e caminhar até o bar.

         _Que negócio é esse de gostar do cu do pato? Que que o pato fez pra você? – gritou Angelito bigodudo. Doze cervejas no rabo e nos cornos.

         _...eu gosto do cu dele, e daí? – respondeu Jorge com a mão atrás do casaco.

         _POIS EU NÃO GOSTO DE GENTE QUE GOSTA DO CU DO PATO! MEU MELHOR AMIGO É UM PATO! QUEM GOSTA DE CU DE PATO É FILHO DA PUTA!

......Todos no bar gritaram EEEEEEEEEEEEEEAH!- Inclusive eu.

         _POIS EU VOU BEIJAR O CU DO SEU AMIGO, QUER VOCÊ QUEIRA, QUER NÃO QUEIRA!

...... E a briga começou. Angelito bigodudo jogou a cerveja do copo na cara de Jorge. Que por sua vez fez sinal no ar que iria beijar um pato. Angelito pulou por sobre o balcão. Até aquele momento eu pensava que Angelito não tinha pernas – nunca tinha visto ele da cintura para baixo (tipo aquele boato que existia sobre a Eliana, aquela da dancinha dos polegares). Jorge sacou um 32 e mirou Angelito, que recuou. Alguém gritou perto da porta: MEU DEUS, UM PATO LÁ FORA, ALI Ó! Jorge se distraiu e um grupo o desarmou com dificuldade. Eu? Eu estava lá fora nesse momento. Procurando o pato, É CLAROOOO! (Provavelmente ele correu para o lado da minha casa).

         _r.A., leve o Jorge para casa! Chega de bagunça por aqui... – Disse o Cruz.

         _mas...

         _Não discuta comigo! Todo mundo viu que você foi quem começou a confusão.

......E lá me fui levar Jorge para a pensão. Obviamente me sentindo injustiçado. Mas fazer o que? Numa democracia a maioria aplica a ditadura sobre a minoria. E la minoria soy yo, mucho prazer! No caminho Jorge chorava e dizia “o pato...r.A., me arruma um pato...”. É claro que voltei, vinte minutos despues... Iria fazer o que em casa?

         _Vocês viram a cara do r.A.? O campeão da sinuca, surrador de travecos?

         _Fui astuto como um gato, Cruz!- retruquei tomando meu Nesquick.

         _Parecia mais é uma lebre. Das bem gordas e pretas ainda por cima! Hahahaha!

......E umas de minhas virtudes, descobri (aprendi...) no bar dos motoqueiros, é ficar em silêncio de vez em quando... então tá.



r.A.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

SEX ON FIRE...




(ao som de Kings of leon)


...... Somos catalizadores de sensações! Somos esponjas acumulando bactérias no banheiro. Dizer que tomamos alguma decisão nestas condições é um gracejo, é uma necessidade de fazer penetrar o riso onde deveríamos estar derramando lágrimas de espírito derretido. Somos um tribunal falido... munido de um juiz hipócrita, jurados idiotas, advogado de defesa medíocre, promotor de acusação covarde!

...... Mas mesmo assim queremos ser admirados, amados, especiais. Todos, sem exceção! Queremos ser a parte mais importante do corpo, queremos que nos reconheçam, que saibam quem fomos quando a gente partir – mas não queremos pensar em partir, pois é sempre cedo demais... até que o sol faça sua parte...

...... Não temos culpa de tudo que acontece, mas queremos ter. Precisamos desta ilusão de controle, desta ilusão de compromisso! O mundo nos atravessa as células sem dificuldade, sentimos um turbilhão no estômago, sozinhos tentamos colar os cacos caídos no chão sujo, lá longe alguém grita para nós que é preciso continuar sonhando como um babaca e o pior é que eles tem razão.

...... Você esta esperando para dar o seu melhor, para mostrar que você merece, para sentir que o medo está sendo desviado de sua função primordial, para provar alguma coisa que você irá inventar depois... você finge que queria ter o controle e se satisfaz secretamente por não tê-lo.

...... Nós fingimos muito bem que não estamos juntos, nós fingimos muito bem que não estamos juntos, nós fingimos muito bem que não estamos juntos, e não é que não estamos juntos?



r.A.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Seu corpo é um campo de batalha"_ Barbara Kruger


......Conversando com alguns de meus alunos antes de uma aula pergunto para eles: “o que é política?” e eles prontamente me respondem: “roubalheira!”. A resposta mais elaborada não passou de: “uma maneira de organizar os direitos e deveres de uma sociedade, a aplicação de recursos... que no fundo desemboca em roubalheira”. E sempre aparece um e pergunta: “e para você professor? O que é?” e eu penso...penso...penso... e respondo: “acho que é o que estamos fazendo aqui...”. E alguém diz: “ah...” sem entender nada e se manda.

......Em primeiro lugar, o que acho engraçado é que “nesta altura do campeonato”, perto ou já disputando “as semifinais” os alunos esperam respostas dos professores. Como sei que é o que foram “adestrados fazer”- na maioria dos casos-, nunca respondo. Apenas problematizo o que me perguntam, poucas vezes esperando que continuem com uma questão lhes irritando o cérebro. Qualquer “ranhento” é capaz de ler meia dúzia de livros e sair por aí vomitando receitas de “bolos ideais”. Para o filósofo Heidegger, pensar é agradecer! Quanto a mim, pensar é testemunhar a entrada em vias de fato da existência. René Descartes (vocalista da banda “modernidade cartesiana”, hahahaha) acreditava que pensar era a prova da existência, os psicanalistas discutiram os pormenores dessa frase e chegaram a constatar que onde se pensa não se testemunha a existência (pois não existe o puro pensar... se pensa sobre algo) – banana para eles! Eu sei que agora algum sociólogo ou historiador diria: mas que sujeitinho filho da mãe esse r.A., é capaz de fazer um reboliço desses por uma coisa tão simples... Retruco: Pois é “mermão”, prefiro isso à velha vomitada de leitor erudito! O que me leva a crer que a maioria dos fieis da “igreja universal das ciências humanas e suas tecnologias”, munidos de suas bíblias embaixo do sovaco me tem por herege de suas doutrinas! E é verdade! Podescrer! A prova disso é que quando escrevo um texto lá vem a inquisição pedindo que eu penetre o seu furo (de bola). Mas quanto a isso, já é previsível!

......Em segundo lugar, se é para avaliar um distinto contexto que se configura em político (ou bio-político, que prefiro discutir...), o contexto atual, para mim, já começa com uma brincadeira de mal gosto. Democracia é uma brincadeira de mau gosto, uma piadinha mal contada. Não existe poder do povo na maneira como as forças sociais atualmente estão (des) organizadas – diria que raras vezes há. Há um jogo de forças para decidir onde não temos o necessário para “incidir” e para “criar compromissos”. Isso pensando em uma estrutura macrossocial. O que temos em mãos é capacidades de incidir em espaços micros sociais. Por isso é preciso saber bem de onde se fala! É fácil ter uma noção dos poderes em jogo em uma “polis” pequena, mas estou falando precisamente de São Paulo (do estado, não do santo e nem do time). E francamente, não existe esse “Jesus” de mãos dadas que liga esses espaços onde muitos teóricos juram haver. Explico: Perdemos de vista a relação macrossocial para o micro social. E o “Jesus” está na perspectiva de causa e efeito. Dizer que o Kaos (essa vai para o Peter L.W.) permite que um acontecimento de um lado do mundo interfira em outro (no campo micro social) é tudo, menos Kaos (é mais uma relação causa-efeito, mas não kaos). O Kaos nunca morreu, e as camisetas do Chê continuam em promoção no shopping Tatuapé – aproveite! Mas espera só.

...... As decisões no senado são tomadas ou nos corredores ou na hora do cafezinho. De resto, o ritual todo é só celebração! Mas você pode se manifestar, mas não se esqueça que a visibilidade é uma armadilha no Panóptico de Bentham. É isso ou me enforcarão na janela do quarto e dirão que foi suicídio. “Paus e pedras podem esmagar os meus ossos, mas palavras...” amém.



r.A.- Filósofo





ps. Para o grande amigo Vilson Cabral, com tristeza e saudade, sobretudo Amor e carinho. Descanse amigo...