domingo, 29 de maio de 2011

Um pouco de filosofia...



.....Quantos pedaços me custaram até que eu compreendesse: tudo no humano é corpo! Hoje entendo o que minhas dores de estômago estavam me contando. Revelavam aquilo que minha razão viciada dissimulava! Aliás, razão é (no) corpo. A dissimulação habitava a negação do mesmo. Tentar sumir com o outro é não se suportar na presença do outro. Vencer, quando não é a si mesmo, significa uma promessa simulada: ocupar com o corpo todo o lugar do corpo todo do outro (delírio histérico). É claro que já fui atacado por uma corja que gostaria que eu sumisse! Mas como não gasto minha escrita para submeter os outros a mim, também sei escrever para chutar a bunda de quem quer me diminuir!- e de lambuja, dou lições... para desamassar a bunda chutada!
.....Pulsão para uns, vontade para outros, é um semi-círculo. O corpo quer viver, mas raras vezes sabe como... Saber, nem sempre é razão. Razão, espada de lâmina invertida: defende, mas corta quem a usa, cobra com sangue a audácia do uso. Razão e sentimentos, não acontecem separados (nem fora do corpo). Pulsão para uns, vontade para outros e no mais: linguagem. Tudo no humano é corpo, tudo no corpo é linguagem. Linguagem é base coletiva- é no coletivo que corpo se torna corpo-, fator silencioso que espreita pelo chão. Rasgar a linguagem movido por um corpo sensível que absorve “o mundo” até a insuportabilidade é exercício pré-filosófico. Insistir com vigor até “verdade” interior expressada em conceito(s) é filosofia.
.....Filosofia, enquanto palavra, pede conceito. Estar nela, não se ensina, por mais que se fale da tradição (nas palavras de Foucault: A tradição cultural ocidental, não uma tradição, mas “A tradição”)... É um sentimento expressável, no entanto, no intento de sentir a expressão do filósofo, aquele que se pretende na filosofia, necessita “criar” a expressão que lhe foi destinada. Acreditar que se apreende, única e exclusivamente pelo viés racional, é bobagem grande – pois o racional, não é somente racional. Insistir em aplicar um recorte de um filósofo sem elucidar o que se abandona, é o mesmo que não ter feito nada. Mero palavrório! Se fosse possível uma analogia, diria: É como você ignorar metade da tela do artista e acreditar ter estado aberto para a obra – e ainda se sentir no direito de um juízo!-, preocupem-se menos com o “suporte”, arte e filosofia não são montar uma bicicleta, nem um curso técnico no SENAI. Muito menos história. O conceito, se tratando de filosofia, não respeita cronologias – mesmo sendo o conceito criado em determinado contexto, ele ultrapassa o contexto: daí Heráclito, ser por vezes, bastante atual. O conceito na filosofia é o que perdura! O conceito é o núcleo do pensamento de um filósofo, parido em junções, justaposto onde antes havia “Quase-vazio” (ex: Inteligência hipertrofiada em Cioran, Vontade de potência em Nietzsche, Cogito em Descartes, Imperativo categórico em Kant, Cornucópia em Maquiavel, etc.)
.....Tudo no humano é corpo, mas há um sentir que transforma esse “corpo”. Cobrar de um filósofo corpo de historiador-psicólogo-jornalista- etc, é pedir que uma pantera viva como uma codorna (não tomem isso como menosprezo em relação aos animais utilizados na analogia, não se trata disso)! Ou seja, é desejar algo impossível para a condição do corpo. Não há menos, nem mais, há diferenças!
.....Cobrar e estar atento a contradições de um filósofo é esquecer o devir inerente a vida (O filósofo não para meus amigos, ele segue pensando sempre, um dia de leitura ou reflexão para um filósofo é mais que um mês coletando empirias pelas ruas – e não se esqueçam que ele também caminha pelas ruas, mas com sensibilidade a flor da pele). É estar alienado a uma única “forma” da linguagem. É aceitar apenas uma regra. Um argumento na filosofia transcende uma regra aritmética. Somar argumentos e analisá-los se eles mergulham em contradição é fazer qualquer coisa menos filosofia (já foi, mas não é mais por aí) – e quando se ler filosofia, aconselho que se esteja a par da escrita em filosofia para não se cometer esses equívocos vergonhosos. Prova da falta de cuidado e, inclusive, honestidade intelectual – custosa aos grandes da humanidade. Um conceito é singular, a singularidade também está entregue ao devir...
..... Imagine se você comparar os conceitos criados por Nietzsche no “O nascimento da tragédia no espírito da música” com outros manifestados no “Crepúsculo dos ídolos”. Se alienado em uma única formalidade de linguagem, gritaria por aí: Viva a contradição (achando que venceu alguma coisa – lembrem-se o que eu escrevi sobre vencer no primeiro parágrafo)! Neste caso, dizer: viva a contradição seria o mesmo que proferir em alto e bom som: VEJAM COMO EU SOU UMA MULA! E meus amigos, sem modéstia parte, tenho visto tantas mulas por essas bandas... munidos de diplomas – novo hit do momento, ter um diploma e uma pesquisa- e endossando seus discursos pedantes com o nome de autores como se fossem mantras que se eu já não fosse vacinado vomitaria nos pés dessas figuras. Mas é aí que percebi: Aceite-os! E meu estômago parou de doer. Realmente desenvolvo a “arte de conviver com mulas”. Como? Ora, rindo! Não sei se sabem, mas eu descobri que tenho dois blogs (risos). O que eu escrever aqui, amanhã estará escrito ao contrário pelo meu “assistente” em um outro blog (mais risos). Qual motivo? É que ele não tem mais o que fazer! Pobre homem! Ele acredita piamente que tudo que eu escrevo é sobre ele – sim, paranóia do apaixonado! Provável que ele encontre um gozo nisso.
.....Por fim, espero ter apresentado para alguns um pouco de filosofia para que não cometam tantos equívocos quando escreverem sobre a mesma, inclusive, “área” que alguns não possuem um pingo de domínio e proferem besteiras ilegíveis. Aconselho que escrevam em suas respectivas “áreas” para não permanecer no fiasco, ou que aprendam um pouco sobre a “área” ao abordá-la. Mas é claro, isso é pedir demais! Alguém que comete um fiasco desses não o faz por cometer equívocos em determinado momento, mas por já estar no equívoco há algum tempo. Gostaria que as pessoas não me homenageassem criando blogs para mim, mas aprendendo a escrever com força, e aí criando blogs para si mesmos!

r.A.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

... Este nocauteia!



..... A cada signo que aí está e que faz um pouco de sentido para você (sim, você mesmo), tanto quanto faz outro pouco de sentido para mim, reside uma vontade sobre-humana de expressão! E na ponta de meus dedos; juntamente com a ponta de seus olhos, ainda resiste o pacto mais antigo entre almas que nos une nesse mundo. Neste momento, respiro porque para você escrevo e você respira porque me lê. Você e eu, agora sabemos que fazemos parte de algo que corre fora das séries de cadeias já mapeadas e, portanto, viciadas por demais. Não é nem complicado e nem difícil trocarmos cicatrizes. Não precisamos, você e eu, de história e tempo, apenas espaço. Não há motivos para nos prolongarmos demais, com toda a besteira que enche os livros e museus e galerias e etc. Podemos ser assim, diretos. Você e eu. Todas essas palavras, oh, elas nos atrapalham tanto (e nos ajudam tanto – sim, a palavra por ela mesma, acima dos que desejam coerência!)... Mas seguimos. Basta que saibamos, você e eu, desta possibilidade de comunhão, destas ideias que se esfregam umas nas outras para que o pouco deste espaço nos conduza para os mais grandiosos banquetes da potência. Tudo no nosso sangue é anacrônico. Todas essas milhões de paredes e portas e janelas e ruas e cercas que nos separam podem ser atravessadas. Ha uma brisa fria na madrugada que nos revela que superamos muito para nos encontrar, meu coração sussurrando para o seu. Todavia, não pense que sairemos vivos dessa! Um de nós, ou talvez os dois de uma tacada só, devem perecer! –não seremos mais os mesmos- Caso contrário, não teremos nos comunicado como deveríamos. Eu digo para você que mesmo que me odeie, entre nós, rolou uma dança de fogo. Somos parceiros no patamar sombrio! É claro que você pode negar, até porque, não passeamos de mãos dadas em direção ao crepúsculo. Mas se você tiver coragem – ou se não lhe restou nenhuma outra opção (o que dá na mesma)- para essa expressão sobre-humana, “secaremos no ar do crime”.

r.A.

Obs: Texto dedicado a este blog, pois este nocauteia!




(um risinho para o peixe que mordendo a isca demonstrou exatamente o que eu queria que ele demonstrasse)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Melhor seria ser um burro, relinchou a mula pateando o chão com raiva!




..... Algumas semanas se passaram desde que postei o último texto. Escrever, desde meus oito anos, é um vício! Porém nem sempre sinto vontade de publicar. Por causa do egoísmo? Também, admito! Algumas coisas prefiro que fiquem para mim. Mas nesses últimos dias tanta gente estava escrevendo sobre os dois únicos assuntos (não preciso entrar em detalhes, vocês sabem do que falo – os “assuntos pop”, eu diria) e falando tanta bobagem que até eu tive de me questionar sobre a necessidade de publicar algo. Bem, em primeiro lugar, se fosse para escrever o lixo que alguns cronistas, alguns jornalistas, alguns –em suma- “bundas moles” escrevem, melhor seria parar de escrever- graças a Geovágem, desde mal não padeço. Esse pensamento (e trava) que me visitou, também veio por conta da quantidade de pessoas que passaram a acessar o meu blog. Alguns de vocês terão de convir comigo: não escrevo para todos! E antes que muitas pessoas venham me ler por motivos distorcidos (como aconteceu com alguns de meus textos, onde fui divulgado por uma “boca do lixo”), melhor dar um tempo.
..... Confesso que passou pela minha cabeça transformar o blog em um diário, sabem? Colocar fotinhas de meus amicíssimos e crescer nas costas de alguns – como deve ser. Pensei em abraçar poetas e artistas, só para a foto, sabem? Escrever: Este sou eu e o meu muiiiiiiiii amigo fulano de tal! Também pensei em frequentar eventos decadentes de juventude alucinada (eu disse juventude? Quis dizer adultos que não querem deixar de se comportar feitos adolescentes!). Tirar fotos, muiiiiitas fotos. Escrever relatos do tipo: Ontem a profe Margarida, do jardim de infância, levou meus amiguinhos e eu passear pelo bairro e etc. Mas só de pensar nisso me senti um imenso, gigantesco, maior que o mundo, IDIOTA! E ai, graças a minha afiada autocrítica, tomei um pouco de senso e prumo.
..... Com o tempo, meu olhar foi desviando de todo nojo, e assim a vontade de publicar algo – já sabendo que não corria o risco do fiasco- me voltou. Mas como toda guerra cobra seu preço, minhas ideias se foram (pensei em substituir a palavra “guerra” por “puta”, mas ainda são 22: 05 horas – esses termos são cabíveis somente após as 22:30 em blogs, 06:01 na T.V.). É claro que estou me referindo a boas ideias! Há uma série de ideias que até dariam um bom texto, mas eu as gastei em outras coisas. Hoje, por exemplo, pensei em escrever sobre as mulheres em geral. Sobre como a maioria das mães das mulheres que andam por aí tiveram casamentos tediosos e aconselharam suas filhas a procurar homens bonitos, ricos e gentis – não cometa o mesmo erro que sua mãe, minha filha! Pensei em escrever que em geral homens bonitos, ricos e gentis gostam de homens. Se eu escrevesse sobre isso, por exemplo, diria que homens que procuram mulheres bonitas, ricas e gentis deveriam esquecer a palavra inteligente. Causaria alvoroço, eu bem sei. Mas a culpa é do preconceito e velhos estereótipos... é que vivemos em uma sociedade cheia de preconceito e velhos estereótipos! Minha nossa, você não sabia???? Mas em que mundo você vive? No das sociedades sem preconceito e estereótipo???? A culpa é da sociedade (Filomena amiga, diz Umberta para a vizinha que não leu o jornal). Por quê? Ora, porque está na moda falar que a culpa é da sociedade, só isso e ponto final. Mas claro, essas ideias ficaram só na hipótese; não seria louco de escrever tais coisas. E se escrevesse, encerraria dizendo que o conceito de sociedade se tornou uma abstração tal qual “diabo” ou “psicólogo inteligente”. É claro que vocês sabem que eu não seria capaz de uma maldade dessas! Certa vez alguém gritou: r.A só sabe falar mal dos outros! Pensei: esse aí sabe o valor da minha caneta! (Também pensei: Vai tomar no cu!, mas vocês sabem, eu nunca escreveria algo assim). Sem muitas ideias, comecei a formular máximas (disse no plural para que vocês pensassem que eu formulei várias, mas na verdade só formulei uma e depois peguei no sono), do tipo: “O dinheiro não é tudo, mas por enquanto não sei fabricar minha própria cerveja”. É claro que abandonei, logo que Dalai Lama já disse isso – ou quase disse...
..... Por fim e obviamente menos importante, não sei como concluir. Poderia pedir para que vocês me enviassem uma caixa de cerveja pelo correio, mas ninguém me obedece! E é por isso que eu não gosto da sociedade – hohohoho!

r.A.