sábado, 17 de abril de 2010

By Cioran

"Apenas adolescente, a perspectiva da morte me horrorizava; para fugir dela corria ao bordel ou invocava os anjos. Mas, com a idade, nos habituamos a nossos próprios terrores, não fazemos mais nada para nos livrar deles, nos aburguesamos no Abismo. E se houve um tempo em que invejava esses monges do Egito que cavavam suas tumbas para chorar sobre elas, se cavasse agora a minha seria apenas para jogar pontas de cigarro."

(Silogismos da amargura)
Um vazio tão grande que nem engolir o planeta inteiro - com toda sua história, com toda sua tecnologia, com todas as suas pessoas que sabem como resolver todos os problemas, todos os problemas, todas as soluções, tudo que esta por vir, tudo que já foi - saciaria, esta aqui no meu estômago. Imagino os oceanos contorcidos contra as montanhas, a humanidade gritando em uníssono, animais de todas as espécies, igrejas e presídios, reservas de ouro e petróleo, até os amigos, todos rodopiando em uma massa só, tudo aqui no meu estômago. Termino meu cigarro, espano as cinzas com as mãos, engulo o vazio para solucionar o problema que ele me causa e vou sorridente lhe dar um oi.
r.A.